O Ministério das Finanças do Japão reconheceu na segunda-feira (12) que manipulou documentos em um crescente escândalo ligado à esposa do primeiro-ministro Shinzo Abe, o qual abalou o governo do premiê e fez com que o apoio a ele despencasse.
Abe se desculpou rapidamente no mesmo dia em nome dos oficiais do ministério, mas não mencionou sua esposa ou o papel suspeito dela no escândalo.
Venda de terreno com grande desconto
Os documentos alterados são relacionados à venda de um terreno estatal em 2016 para o operador escolar Morimoto Gakuen em Osaka a um sétimo do valor avaliado, com o suposto envolvimento da primeira-dama Akie Abe, que apoiou a política educacional ultranacionalista da escola.
Uma investigação realizada pelo ministério mostrou que o operador escolar disse aos oficiais que Akie Abe encorajou a procedimento do negócio e vários legisladores conservadores entraram em contato com o ministério sobre o plano da escola, mas não ficou claro se eles violaram qualquer lei.
Um documento originalmente observou que o operador escolar estava envolvido com um poderoso lobby político pró-Abe, o Nippon Kaigi, no qual Abe era vice-presidente, mas tal comentário havia sido deletado posteriormente.
O escândalo, que veio à tona há um ano, ardeu lentamente apesar de uma grande vitória eleitoral de Abe em julho enquanto legisladores da oposição continuaram examinando detalhadamente o caso. Ele explodiu novamente nas últimas semanas após um importante jornal ter divulgado que encontrou evidência de que o ministério havia alterado registros após o surgimento do escândalo.
14 documentos alterados
O ministro das finanças Taro Aso disse que a investigação encontrou 14 documentos alterados. As mudanças foram feitas de fevereiro a abril do ano passado com a instrução do Escritório Financeiro, o departamento do ministério responsável pelas transações de propriedade estatal, principalmente em sua unidade regional em Osaka, disse Aso.
Ele disse que os documentos foram falsificados para corresponder às explicações que um oficial responsável pelo negócio do terreno, Nobuhisa Sagawa, forneceu ao parlamento em resposta aos questionamentos dos legisladores da oposição.
Posteriormente, Sagawa foi promovido a chefe da Agência Nacional de Impostos no que os críticos alegam ter sido uma recompensa por dificultar o questionamento. Ele renunciou na última sexta-feira (9) para assumir responsabilidade por suas respostas, e outro oficial ligado ao escândalo teria se suicidado. Sagawa também admitiu ter destruído documentos.
Aso negou que tenha havido qualquer pressão política, mas se recusou a revelar de onde as instruções vieram e quem era responsável.
Aso disse que não vai renunciar.
Em uma sessão parlamentar realizada na segunda-feira, oficiais do Ministério das Finanças confirmaram que uma referência à Akie Abe recomendou que o negócio do terreno fosse deletado de um documento após o escândalo ter vindo à tona.
Yasunori Kagoike, chefe da Morimoto Gakuen, adquiriu o terreno para construir uma escola de ensino fundamental onde a esposa de Abe serviu brevemente como diretora honorária. Sabe-se que o casal Abe apoiou a filosofia nacionalista de educação da escola.
Uma frase chamando o negócio do terreno de “excepcional”, assim como os nomes de vários outros legisladores influentes que também estavam envolvidos, mas negaram envolvimento, também foram deletados, disse o ministério.
No lado de fora do parlamento na segunda-feira, dezenas de manifestantes exigiram a renúncia do Gabinete.
Fonte: Telegraph Imagem: Bank Image