Coluna na edição internacional do People’s Daily alertou que o “impacto dos baixos índices de natalidade sobre a economia e a sociedade começou a se mostrar” (imagem ilustrativa)
A China parece estar pedalando para trás em suas políticas de longas décadas que visam limitar o crescimento populacional enquanto ela tenta lidar com uma bomba-relógio demográfica.
Publicidade
A política de único filho foi realizada até 2015, quando ela foi relaxada parcialmente para permitir aos casais terem duas crianças, mas as famílias têm estado lentas para aderir à aprovação oficial para expandir.
Uma coluna em um jornal estatal intitulada “Dar à luz é uma questão de família e uma questão nacional também” é a mais recente para encorajar casais a terem mais filhos, e pede por ação oficial para possibilitar que jovens comecem a construir famílias.
A coluna de página inteira foi publicada na edição internacional do People’s Daily, o porta-voz do Partido Comunista Chinês. Ela alertou que o “impacto dos baixos índices de natalidade sobre a economia e a sociedade começou a se mostrar”.
O fragmento atraiu milhares de comentários online e ocorre quando o governo revelou um novo selo postal oficial, o qual parece indicar que ele pode abandonar as restrições restantes sobre o número de crianças que as pessoas podem ter.
O trabalho de arte de um selo postal chinês oficial para o iminente Ano do Porco (Han Meilin Gallery via CNN)
O selo postal, emitido nesta semana para marcar o iminente Ano do Porco, mostra dois pais com três leitões. Um selo postal comemorativo parecido que foi lançado para marcar o Ano do Macaco em 2016 mostrava dois macaquinhos, que foram vistos como um sinal para o abandono da política de único filho.
O selo postal do Ano do Macaco foi lançado para marcar o início de 2016 (Jesse Jang/CNN)
Uma criança não é suficiente
Pequim reverteu sua política de único filho amplamente controversa – em que mulheres estavam sujeitas a abortos forçados, multas pesadas e despejo se elas tentassem ter um segundo bebê – enquanto problemas demográficos causados pela falta de crianças começavam a ficar cada vez mais aparentes.
O número de trabalhadores está encolhendo, com muitos jovens sustentando seus pais e quatro avós, em um país onde serviços sociais para os idosos ainda é escasso. Em 2017, a taxa total de fertilidade foi de 1.6 criança por mulher, bem abaixo da estimada de 2.1 necessária para manter o nível populacional estável.
“Principalmente nas cidades grandes, o custo de ter uma criança está cada vez mais alto. Do nascimento à escola, custos econômicos e de tempo estão aumentando”, disse o artigo de opinião do People’s Daily. “Muitos jovens que vivem nas cidades não estão dispostos a ter filhos”.
O autor do fragmento, Zhang Yiqi, disse que ação do governo – como fornecer educação e cuidados médicos – era necessária para encorajar mais pessoas a ter filhos. “Diante da baixa taxa de natalidade, o governo deveria realizar medidas mais dirigidas para solucioná-la e satisfazer os anseios e busca das pessoas por uma vida melhor”.
Pressão social
A coluna do People’s Daily é somente o mais recente sinal de que os líderes da China estão preparando uma mudança completa do planejamento familiar, ou até para encorajar mais nascimentos, visto que permitir as mulheres terem dois filhos ao invés de um não teve o efeito demográfico desejado.
A emissão do selo postal que mostra a família de porcos, enquanto sutil, é “um sinal claro de que eles poderão abandonar todas as restrições de nascimentos”, disse Yi Fuxian, cientista na Universidade de Wisconsin-Madison, ao Wall Street Journal.
Fonte: CNN
Imagens: CNN, banco de imagens