Enquanto tatuagens em estilo japonês sejam apreciadas por fãs de arte corporal no mundo, a prática em si desfruta de muito menos apoio entre a população japonesa como um todo. Durante a era feudal do período Edo, as tatuagens eram usadas para marcar criminosos, e aquela associação a elementos sem lei continua até hoje, com membros das redes do crime organizado no Japão mostrando uma forte predileção por tatuagens.
No entanto, as atitudes vêm mudando lentamente nos últimos anos. Parcialmente influenciada por celebridades no exterior, uma parte dos jovens japoneses passou a ver as tatuagens como puras afirmações de moda, sem conexão a grupos destrutivos socialmente ou comportamento. Contudo, o estigma permanente ainda precisa desaparecer da mente de muitas pessoas, cita a matéria do Rocket News, e a diferença nas opiniões está no centro de uma ação recentemente movida no Tribunal Distrital de Tóquio.
Uma mulher de aproximadamente 20 anos, moradora de Tóquio, cujo nome não foi divulgado, se matriculou em uma escola de enfermagem em abril de 2016. Como parte de seu treinamento prático, há momentos em que os alunos devem trocar de roupa e soube-se que a mulher tinha tatuagens nas costas, assim como em outras partes de seu corpo.
Quando os administradores da escola tomaram conhecimento sobre isso, eles informaram a mulher que ela seria suspensa do curso por 1 ano. Entretanto, eles disseram a ela que se as tatuagens fossem removidas sua reintegração no curso seria possível sem ter que cumprir todo o período de suspensão.
A mulher não compareceu às aulas desde então, e decidiu mover uma ação contra a corporação médica que administra a escola. Seu advogado contesta que a suspensão não é justa, considerando que a ausência de tatuagens nunca foi especificada como uma condição para a a aceitação no curso. Além disso, como a mulher é uma mãe solteira que estava usando a ajuda financeira do governo para pagar sua mensalidade, ela não tem condições de arrumar dinheiro por conta própria para remover a tatuagem, defende o advogado. Por causa disso, a mulher está exigindo uma indenização no valor de ¥5.4 milhões (US$46.500).
Enquanto muitos discutiriam que o fato de ter tatuagens não interfere de forma alguma nas habilidades de uma pessoa para realizar procedimentos de cuidados médicos, locais de trabalho no Japão tendem a ser rigorosos em cultivar uma imagem polida e limpa, particularmente na aparência e conduta de trabalhadores que lidam diretamente com aqueles a quem eles fornecem serviços.
Atualmente, a corporação médica está aderindo à decisão da escola em suspender a mulher e, desde afirmações iniciais feitas em 7 de fevereiro, tem a intenção de enfrentar a ação judicial, e não fez quaisquer declarações de que está disposta a chegar a um acordo fora do tribunal.
Fonte: Yahoo! Japan News/Asahi Shimbun Digital (Rocket News) Imagem: Bank Image