Apesar do reconhecimento de que a repórter da NHK tenha morrido por excesso de trabalho (karoshi) em maio de 2014, a rede estatal só anunciou o fato na quarta-feira (4).
Miwa Sado, 31 anos, morreu em sua residência em Tóquio, em julho de 2013. A causa da morte foi insuficiência cardíaca congestiva.
Ela ingressou na NHK em 2005, na sucursal de Kagoshima. Em julho de 2010 foi transferida para a capital japonesa, onde cobria especialmente economia e governo de Tóquio.
Cumpriu pautas para cobertura das eleições de Tóquio em junho de 2013 e do parlamento. Morreu 3 dias depois das eleições para a Câmara Alta.
Apesar de na época a NHK afirmar que não tinha conhecimento de que ela tenha trabalhado mais do que os demais repórteres, a Delegacia de Inspeção das Normas de Trabalho de Shibuya, capital, constatou karoshi.
Excesso de trabalho: dobro do limite de horas extras
Ela cumpriu uma jornada excessiva de trabalho. Foi constatado que até poucos dias antes da morte, Miwa fez 159 horas extras em um mês, com apenas 2 dias de descanso.
O Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar considera 80 horas extras mensais como a linha vermelha para o karoshi. No entanto, a repórter da NHK fez o dobro desse limite mensal.
Pais questionam a NHK
“Diferente da cobertura de acidentes e incidentes, até que ponto a emissora foi capaz de gerenciar o trabalho de cobertura das reportagens eleitorais? O fato é que por não ter feito corretamente fez com que nossa filha morresse”, declaram os pais de Miwa.
“Acima dos problemas individuais, reconhecemos como uma questão organizacional diante da cobertura eleitoral e sistema de trabalho. Tomando como lição, estamos nos empenhando para a revisão dos planos de trabalho da equipe de jornalismo. Estamos desenvolvendo com mais minuciosidade para assegurarmos a saúde dos funcionários”, declarou Masahiko Yamauchi, diretor da gestão de planejamento da estação.
Por que anunciar 3 anos depois
Em relação ao anúncio depois de 3 anos do reconhecimento da morte por excesso de trabalho, o diretor se justificou. “No aniversário da morte, neste ano, os pais insistiram em afirmar que a morte da filha não foi em vão. Eles desejavam fortemente que o anúncio fosse feito como forma de prevenção da recorrência”, afirmou.
Colega de profissão imaginou que pudesse ser karoshi
“Entre os repórteres da NHK, ela era jovem e já tinha a responsabilidade de cobrir as eleições e os candidatos. Trabalhava muito, sem folga e todos em volta estavam preocupados. Não era de falar, era muito correta e esforçada. Quando soube da morte, logo pensei que pudesse ser karoshi”, declarou um colega de Miwa para o Mainichi.
O caso de karoshi na NHK, que tirou a vida da jovem repórter, repercutiu imediatamente em todos os veículos da imprensa japonesa.
Fontes: Mainichi, NHK, ANN e Yomiuri Foto: NHK