Atrás do crescimento vertiginoso da Shimamura, a figura da “shimapato” (Sumaiouen)
Quem nunca comprou uma peça de roupa na loja com o logo vermelho? Essa cadeia de lojas de confecção chamada Fashion Center Shimamura, além de outras voltadas para crianças e jovens, cresceu vertiginosamente no Japão logo depois de uma queda nas vendas em 2009. Em meio à crise mundial, a estratégia adotada pela rede foi um sucesso. Saltou do faturamento bruto anual de 410 bilhões para 565,1 bilhões de ienes, no balanço fechado em fevereiro deste ano, com uma leve queda de 0,1% em relação ao ano anterior.
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O problema não está no faturamento bruto mas no lucro líquido da rede, com queda consecutiva por dois anos, fechando com menos de 30 bilhões de ienes. O que puxou o lucro para baixo foi a Fashion Center Shimamura, pois a Avail e Birthday continuam indo bem. Também continua normal, a rede de artigos para decoração, Chambre.
Outras lojas do grupo: Avail, Chambre e Birthday
Segredos da Shimamura
No entanto, o crescimento da rede é admirável. Este ano comemora 65 anos de atividade e mais de 3 mil lojas do grupo todo. Só da Shimamura tem 1,4 mil pontos espalhados por todo o arquipélago.
A estratégia do grupo é comprar o estoque encalhado das diversas marcas e vender, sem devolução, a preços acessíveis.
Para o consumidor esse é um dos atrativos da rede. Muitos dos produtos são de tendência e também com design diversificado. A rede não fabricava, e portanto, não tinha a estratégia de repor agressivamente as peças que vendem muito, como a Uniqlo, por exemplo.
Ávidas “shimapato”
Assim, surgiu a figura das ávidas consumidoras apelidadas pelo mercado de しまパト, lê-se shimapato. É um acrônimo de Shimamura patrol. Ou seja, aquelas que vão constantemente às lojas da rede para garimpar peças exclusivas ou que não encontrariam por aquele precinho em outro lugar. São as patrulhas Shimamura.
As “shimapato” ostentam nas redes sociais o que garimparam na Shimamura (Genic e Yomiuri)
As “shimapato” impulsionaram as vendas do grupo. Foram elas as figuras que ajudaram a expandir o desempenho dos negócios.
O grupo resolveu lançar griffe própria. Estourou nas vendas da calça com forro quentinho chamada de 裏地あったかパンツ (uraji attaka pants), em 2014. Vendeu mais de 1 milhão de peças em 2015, transformando-se em troféu para o grupo.
No entanto, as consumidoras começaram a querer produtos mais básicos, como os da Uniqlo e GU. Esta é uma tendência dos últimos anos. Assim, o grupo Shimamura renovou o interior das lojas, baixando a altura das prateleiras e araras. Aumentou o número de manequins mostrando as roupas coordenadas.
Inverno gelado para o varejo de confecção
A verdade é que está batendo um vento gelado de inverno no setor de varejo da confecção. A GU, marca da Uniqlo, que bombou, no ano passado não conseguiu criar um produto que se tornasse a menina dos olhos das consumidoras.
A americana Gap e sua outra marca Old Navy entraram com tudo no mercado japonês em 2012 e 4 anos depois já saíram. Segundo o ponto de vista do consultor Masashi Sato, há alguns fatores para a estagnação das vendas de roupas casuais no varejo.
Um deles é o crescimento de apps de flea market (feira da pulga), como Mercari, por exemplo. Os jovens pensam “se não gostar me desfaço vendendo”, seja pelo app ou em brechós.
Outro é o grande aumento da compra da confecção pela internet em lojas da Amazon e Rakuten.
Assim, a rede Shimamura que explodiu no mercado tem uma grande tarefa de estratégias para manter suas vendas.
Novidade: vai concorrer com Nitori?
O grupo Shimamura anunciou uma novidade. Vai inaugurar a primeira loja de enxovais. O local escolhido foi Kobe (Hyogo). O ponto forte parece ser artigos de enxoval e decoração, de alta qualidade a preços populares.
Fontes: Yomiuri e DJapan
Fotos: Sumaiouen e internet