Japonês saía 3 minutos antes para fazer pedido do bentô em uma loja perto do escritório (imagem ilustrativa)
Quando o horário do almoço chega na maioria dos escritórios do Japão, os pensamentos são todos nos bentô (marmitas japonesas).
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Se você tiver sorte, alguém de casa pode ter preparado uma para você e colocado na sua bolsa, mas para uma parte dos trabalhadores, a única maneira de satisfazer a fome é sair e comprar algo em uma loja nas proximidades.
Foi o que fez recentemente um funcionário de 64 anos do Departamento de Distribuição de Água de Kobe (Hyogo), saindo do escritório ocasionalmente 3 minutos antes do horário do almoço para fazer o pedido do bentô em uma loja local.
Enquanto suas ações possam parecer inocentes o suficiente, seus superiores dizem que essas saídas ocorreram durante o horário de trabalho e, então, eles decidiram puni-lo por isso com uma redução salarial e emitir um pedido público de desculpas formal em seu nome.
O trabalhador violou uma lei de serviço público a qual determina que funcionários devem se concentrar em suas tarefas, de acordo com o departamento.
O fiasco de fazer o pedido do almoço, de acordo com o departamento, teve início quando outro funcionário olhou pela janela do escritório e viu o trabalhador saindo do prédio e indo em direção a uma loja de bentô nas proximidades.
Essas idas à loja, que duravam 3 minutos cada vez, teriam ocorrido um total de 26 vezes entre setembro de 2017 e março de 2018. Após calcular o tempo gasto fora do escritório, a cidade decidiu deduzir metade do salário de um dia desse funcionário como punição, com um pedido de desculpas formal também emitido para reprimir o escândalo.
Superiores do funcionário fizeram um pedido de desculpas público que foi transmitido na tevê (ABCテレビ)
“O horário de almoço é do meio-dia às 13h. Ele saía de sua mesa antes do intervalo”, disse um representante do departamento à AFP na quinta-feira (21).
Representantes da cidade pediram desculpas em uma conferência de imprensa transmitida na tevê, com um deles dizendo que “é imensamente lamentável que tal escândalo tenha ocorrido, e queremos expressar nossos sinceros pedidos de desculpas”.
Desde o dia da divulgação da notícia, muitas pessoas em todo o país demonstraram indignação com o tratamento rigoroso em relação ao incidente.
“Será que as pessoas não terão permissão nem para ir ao banheiro agora?
“Eles ainda permitem o intervalo para fumar, então, por que isso é tão imperdoável?”
“E os políticos que dormem no parlamento? Eles deveriam ser despedidos, então”
“Eu não acredito que alguém estava cronometrando suas idas toda vez ao invés de se preocupar com seu próprio trabalho”.
Enquanto seja verdade que funcionários da cidade e públicos sejam mantidos a um alto nível na sociedade japonesa, e espera-se que suas condutas sejam impecáveis, muitos acreditam que a cidade levou o assunto longe demais, afetando os direitos do trabalhador e contornando sobre o tratamento desumano.
De acordo com os superiores do funcionário, a razão que ele deu para sair do escritório durante o expediente para comprar seu almoço foi porque ele queria “uma mudança de ritmo”.
Anteriormente, em fevereiro, a cidade havia punido outro funcionário por um mês após ele ter saído do escritório várias vezes para comprar marmita durante o horário de trabalho. Ele ficou ausente por um total de 55 horas ao longo de um período de seis meses, de acordo com a cidade.
Fonte: Sora News, The Telegraph
Imagem: ABCテレビ, banco de imagens