Imagem ilustrativa (PM)
Muitas mudanças e ajustes cercam todo esse universo da gravidez e depois dela. Podem ser citadas as mudanças com o corpo e dos hábitos, alterações dos níveis hormonais e na rotina, entre outras.
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Após o nascimento da criança as mudanças continuam, ocorre uma baixa dos hormônios do estrogênio e progesterona e pode ocorrer também uma queda brusca dos hormônios da glândula da tireoide. Isso provoca sensações desagradáveis que, em alguns casos, perduram. Por isso, não é difícil encontrarmos mamães chorando, irritadas, sentindo-se desamparadas e sem esperança.
Tudo isso é considerado normal em um período pós-parto imediato, porém tende a desaparecer rapidamente.
Depressão pós-parto
Já em algumas situações, em um pós-parto mais tardio esses sintomas se somam a outros e afetam consideravelmente a qualidade de vida da mamãe. Estamos falando da depressão pós-parto.
Raramente, pode ocorrer também uma forma extrema de depressão pós-parto, conhecida como psicose pós-parto com alguns sintomas ainda mais severos.
A depressão pós-parto tem início em algum momento durante o primeiro ano do pós-parto, com maior incidência entre o primeiro e o segundo mês depois do nascimento da criança.
Os sintomas como tristeza profunda, sentimento de culpa, desânimo e queixa de cansaço extremo, pouco ou nenhum interesse em cuidar do bebê, entre muitos outros podem indicar um quadro patológico.
Segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde, de 10 a 15 % da população de mulheres no mundo são identificadas com depressão pós-parto, fato que pode influenciar no vínculo entre mãe e bebê sobretudo no que se diz respeito ao aspecto afetivo.
Depressão pós-parto não tem relação com falha de caráter e não é sinônimo de fraqueza ou frescura
Erikson (1976 apud Arrais, 2005, p.15) afirma que “O Puerpério é um período vulnerável, com risco psiquiátrico aumentado no ciclo de vida da mulher“. Após esse período, a mulher será envolvida por sentimentos ambivalentes que marcam o pós-parto, e assim, cabe uma avaliação das condições psíquicas para se ter uma visão da “configuração subjetiva” da mulher, o que poderá ser um fator determinante para a depressão pós-parto.
Causas
Alguns fatores podem influenciar o quadro de depressão pós-parto, entre eles:
- episódios de depressão anterior
- situações estressantes durante a gravidez
- gravidez indesejada e ou em idade precoce
- relacionamento conturbado e ou abusivo
- ausência de apoio familiar, ansiedade, vício em álcool e/ou drogas
- problemas na situação socioeconômica
- nascimento prematuro
- intercorrências neonatais e malformações congênitas
Sintomas mais comuns
Tristeza constante, choro frequente, sentimento de culpa, baixa autoestima, desânimo e cansaço extremo, pouco interesse pelo bebê, incapacidade para cuidar de si e do bebê, medo de ficar sozinha, falta de apetite, falta de prazer nas atividades diárias, dificuldade para pegar no sono, etc.
Depressão pós-parto no homem
Pode até soar estranho, mas sim… homens também podem sofrer de depressão pós-parto. Os sintomas de depressão pós-parto nos homens estão relacionados com o aumento das responsabilidades com relação ao provimento do bebê e ao dar suporte emocional à esposa e mãe.
Os sintomas são:
- Irritabilidade
- impaciência
- tristeza
- pensamentos negativos
- isolamento, choro fácil e constante
- falta de apetite
- ansiedade
- falta de atenção e, em alguns casos, quando há outros filhos, dificuldades para se relacionar com eles
Psicose pós-parto
É uma forma rara, acomete cerca de 0,1% das mães e costuma surgir nas primeiras duas semanas após o parto. É considerada o nível mais alto da depressão pós-parto e são mais suscetíveis as mulheres que sofrem com bipolaridade ou apresentam um histórico de psicose pós-parto.
Dentro da situação de psicose pós-parto podem ocorrer suicídio materno ou mesmo o infanticídio (provocar a morte do recém-nascido), assim sendo, é uma emergência médica.
Sinais que merecem atenção: presença de confusão mental e desorientação, pensamentos obsessivos sobre o bebê, paranoia, alucinações e delírios, tentativas de prejudicar a si mesma e ao recém-nascido.
Tratamento
O tratamento da depressão pós-parto geralmente é estabelecido de acordo com a gravidade do caso. Pode ser realizado através de sessões de psicoterapia ou a combinação da psicoterapia com a farmacologia.
O apoio psicológico é muito importante no processo de elaboração da sintomatologia da depressão pós-parto. Um olhar atento e cuidadoso no comportamento das mamães e papais, uma escuta acolhedora e comprometida, pode ser um diferencial positivo no trato da sintomatologia.
Vale aqui também mencionar que hábitos saudáveis só tendem a agregar no que diz respeito a melhorar a qualidade de vida. Procurar não ir além dos seus limites, pedir ajuda, buscar cuidar-se sempre e evitar o isolamento também são hábitos que podemos criar dentro da rotina visando a melhoria e o equilíbrio da vida.
Boas reflexões!
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Referências:
Arrais, Alessandra da Rocha. As Configurações Subjetivas da Depressão Pós-Parto: para além da padronização patologizante. Tese (Doutorado) – Universidade de Brasília, Departamento de Psicologia Clínica. Instituto de Psicologia. 158 p. Brasília, DF (2005).
Beck, C.T. (2002). Revision of the postpartum depression predictors inventory. Journal Obstetric Gynecology Neonatal Nursing, 31 (4)
Ibiapina, Flávio Lúcio P.; ALVES, Júlio Augusto G.; BUSGAIB, Rosana P. S; COSTA, Fabrício S. C. Depressão pós-parto: tratamento baseado em evidências. FEMINA. Vol. 38. 3 ed.; 161-165. (2010).
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Depressão pós-parto: causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção. Disponível em: <http://saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-mental/depressao-pos-parto.