Ari Fuji estava no colegial quando percebeu que queria ganhar asas e se tornar uma piloto.
Contudo, ser criada no Japão, onde mal se houve falar de pilotos do sexo feminino, foi um sonho que significou alcançar o céu.
“O muro era alto”, diz ela ao CNN Travel. “As Forças de Autodefesa não estavam recrutando mulheres porque não havia pilotos do sexo feminino naquela época. Eu me dei conta, de repente, que a rota para se tornar piloto era inesperadamente estreita”.
Para deixar as coisas piores, a estatura de Fuji era muito baixa para se qualificar para a Escola de Aviação Civil do país.
Ela não desistiu. Ao invés disso, ela olhou para o exterior em busca de oportunidades, eventualmente indo para os EUA a fim de tirar sua licença de piloto.
“Eu não senti que meus caminhos estavam fechados”, explica Fuji. “Eu apenas tive um sentimento casual do tipo, posso ir para o exterior se o Japão não é o lugar certo”.
Após obter sua licença de piloto nos EUA, ela retornou ao Japão para tentar se tornar uma piloto comercial, mas se deparou com negatividade.
“Havia muitos homens me dizendo que era impossível se tornar piloto no Japão sendo mulher – principalmente uma comercial. Eu nunca perguntei por que, mas acho que eles estavam dizendo “de jeito nenhum” somente porque não havia mulheres naquele momento”.
Quebrando as barreiras
Eventualmente, Fuji fez seu caminho para o programa de treinamento na JAL Express – uma subsidiária da Japan Airlines. Essa oportunidade preparou o caminho para ela fazer história. Em 2010, ela se tornou a primeira comandante de empresa aérea comercial do Japão.
Apesar da conquista, vestir o uniforme de comandante a colocou sob muita pressão.
“Todas as vezes antes do treinamento, eu dizia em frente ao espelho: Eu sou a comandante”, lembra Fuji.
“Mas no lado de fora, eu senti que nunca poderia mostrar fraqueza. A última coisa que eu queria ouvir das pessoas se eu falhasse era que ainda é muito difícil para as mulheres estarem ali”.
Com a vinda do novo papel, mudança vieram para Fuji e para as pessoas a sua volta.
“As pessoas, principalmente pilotos mais velhos, não estavam acostumados com uma comandante e tinham pouca ideia de como interagir comigo”, diz Fuji.
“Quando eu casei, um ano após me tornar copiloto, um outro piloto me disse: “ Você se tornou uma piloto, seu sonho, e se casou. Por que você não para agora? E eu pensei: Como é?!. Acho que ele deve ter pensado que eu, como mulher, estava fazendo isso como hobby”.
Fora do papel como comandante, Fuji também é instrutora, direcionando a próxima geração de pilotos (as), um trabalho que ela mantém com grande orgulho.
E, de acordo com Fuji, a Escola de Aviação Civil do Japão também reduziu a estatura dita apropriada, exigida para ingresso, após ela se tornar comandante.
“Às vezes eu conto essa história para as pessoas fazendo piada, mas eu mudei a regra”.
Fonte: CNN