Parasitas que causam malária resistentes a principais medicamentos estão se espalhando rapidamente pelo sul da Ásia, dizem pesquisadores do Reino Unido e da Tailândia.
Os parasitas avançaram do Camboja a Laos, Tailândia e Vietnã, onde metade dos pacientes não estão sendo curados por medicamentos de primeira opção.
Pesquisadores dizem que as descobertas aumentam a “probabilidade terrível” da resistência a medicamentos se espalhar para a África.
Entretanto, especialistas dizem que implicações podem não ser tão severas como pensado anteriormente.
O que está acontecendo?
A malária é tratada com a combinação de dois medicamentos – artemisina e pirepaquina.
O combo de medicamentos foi introduzido no Camboja em 2008.
Entretanto, até 2013 os primeiros casos de parasita mutante e que desenvolve resistência a ambos os medicamentos foram detectados nas áreas oeste do país.
O mais recente estudo, publicado no Lancet Infectious Diseases, analisou amostras de sangue de pacientes em todo o sudeste asiático.
O exame do DNA do parasita mostrou que a resistência havia se espalhado pelo Camboja e também no Laos, Tailândia e Vietnã.
Ele também captou mais mutações, tornando-o ainda mais problemático.
Em algumas regiões, 80 por cento dos parasitas da malária eram resistentes a medicamentos.
“Essa estirpe se espalha e se torna pior”, disse o Dr. Roberto Amato, do Instituto Wellcome Sanger.
Isso significa que a doença está se tornando intratável?
Não.
Um segundo estudo, publicado no mesmo jornal, mostrou que metade dos pacientes não estavam sendo curados com terapia padrão.
Entretanto, há medicamentos alternativos que podem ser usados no lugar.
“Com a disseminação e intensificação da resistência, nossas descobertas destacam a necessidade urgente de adotar tratamentos alternativos de primeira linha”, disse Tran Tinh Hien, professor na Unidade de Pesquisa Clínica da Universidade de Oxford no Vietnã.
Isso poderia incluir o uso de diferentes medicamentos juntamente com a artemisina ou usar uma combinação dos três medicamentos para superar a resistência.
Qual é a preocupação?
Amplo progresso tem sido feito para eliminar a malária. Entretanto, o desenvolvimento da resistência a medicamentos o ameaça.
A outra questão é se a resistência se espalhar além e chegar à África, onde estão 9 em 10 casos da doença.
“Essa estirpe altamente bem sucedida de parasita resistente é capaz de invadir novos territórios e adquirir novas propriedades genéticas, aumentando a probabilidade terrível de se espalhar pela África, onde ocorre a maioria dos casos de malária, tal como a resistência à cloroquina fez nos anos 1980, contribuindo para milhões de mortes”, disse Olivo Miotto, professor do Instituto Wellcome Sanger da Universidade de Oxford.
O que isso muda para as pessoas que vivem lá?
As descobertas não mudarão muito o dia a dia das pessoas na sub-região do Grande Mekong, no sudeste asiático.
Combater a malária é mais do que somente escolher o tratamento correto após uma infecção.
Todos os esforços em torno do controle dos mosquitos que espalham a doença não vão mudar.
Entretanto, pesquisadores dizem que os medicamentos os quais as pessoas estão recebendo após uma infecção deveriam mudar.
Os estudos também mostram que análise genética de parasitas da malária podem ajudar médicos a manterem um passo à frente de emergente resistência a medicamentos a fim de dar aos pacientes o tratamento correto.
O quão ruim é a malária?
Há cerca de 219 milhões de casos de malária em todo o mundo a cada ano.
Os sintomas incluem ciclos de sensação de frio e tremor seguidos por febre alta e muito suor.
Sem tratamento, o parasita pode levar a problemas respiratórios e falência de órgãos.
A doença mata cerca de 435.000 pessoas anualmente – a maioria crianças com menos de 5 anos de idade.
Fonte: BBC