Surtos expressivos de dengue se espalharam rapidamente pelos países da Ásia, matando mais de mil pessoas, infectando centenas de milhares e deixando hospitais lotados com pacientes doentes.
Imagens de Bangladesh mostram pacientes em alas hospitalares lotadas, deitados sob mosquiteiros.
Mães refrescam seus filhos com leques enquanto outros pacientes deitam no chão de hospitais com bolsas de soro presas aos seus braços, aguardando que um leito seja liberado.
Esse é o pior surto que Bangladesh já vivenciou. Em agosto o número de pessoas infectadas foi cinco vezes maior do que o ano todo de 2018, e até agora 57 pessoas morreram.
A história é similar na região. Camboja, Laos, Malásia, Singapura, Sri Lanka, Tailândia e Vietnã todos relataram número de casos acima do normal da doença e mortes se comparado ao ano passado. As Filipinas declararam uma epidemia nacional de dengue – 1.107 pessoas morreram desde o início do ano e mais de 250.000 foram infectadas.
A dengue é uma doença sazonal transmitida por mosquito, comumente encontrada em regiões quentes e úmidas dos trópicos e subtrópicos durante os meses chuvosos.
Cientistas dizem que o clima mais quente e úmido trazido pela mudança climática criou condições ideais para as fêmeas do mosquito colocarem ovos. Não há somente mais mosquitos, mas a rápida urbanização ocorrendo em muitas nações asiáticas significa que populações mais suscetíveis estão vivendo em contato mais próximo com insetos que carregam a doença.
Acrescente à mistura inadequada e despreparada de serviços de saúde e a circulação de um vírus, e você tem os ingredientes para um surto de proporções epidêmicas – e um com probabilidade de se espalhar.
A dengue e a crise climática
A dengue é uma infecção viral transmitida pelo mosquito Aedes, o mesmo inseto responsável pela disseminação da zika, chikungunya e febre amarela. Ele causa sintomas como as de uma influenza, incluindo dor de cabeça aguda, dores nos músculos e nas juntas, febre e erupções cutâneas, embora somente 25% dos infectados apresentem os sintomas. Casos extremos podem causar sangramento, falência dos órgãos e potencialmente morte.
Essa é a doença viral transmitida por mosquitos que se espalha mais rapidamente no mundo, aumentando em 30 vezes nos últimos 50 anos. Enquanto ela tenha sido encontrada em apenas nove países, hoje em dia a doença é endêmica em mais de 100 – colocando mais da metade da população mundial sob risco, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Houve inúmeros estudos sobre a ligação entre a mudança climática e doenças transmitidas por mosquitos e especialistas dizem que a crise climática está representando um grande papel na disseminação da dengue.
Cientistas vêm alertando repetidamente que as temperaturas em ascensão estão causando mais evento climáticos extremos, e um mundo mais quente e úmido poderia colocar a população sob risco maior de doenças vetoriais – aquelas transmitidas por mosquitos, carrapatos ou outros organismos.
Um estudo recente sugere que 1 bilhão de pessoas a mais poderiam estar expostas à doenças transmitidas por mosquitos até o ano 2080 enquanto as temperaturas continuam a subir com a crise climática.
Mosquitos que carregam a dengue se desenvolvem em áreas urbanas e põe seus ovos em locais onde há água parada. Entretanto, mudanças ambientais podem afetar o quão rápido os vírus se replicam em mosquitos e quanto tempo eles vivem, aumentando o risco aos humanos.
“Como a temperatura média aumenta a sobrevivência de mosquitos a atual replicação do patógeno dos mosquitos se torna mais eficiente”, disse o Dr. Rabindra Abeyasinghe, Coordenador de Malária e Outras Doenças Vetoriais e Parasitárias no Escritório Regional da OMS no Pacífico Ocidental.
Fonte: CNN