Autoridades chinesas impuseram medidas de isolamento em seis cidades, em um esforço sem precedentes para conter o surto de um novo vírus mortal que deixou centenas de pessoas doentes e se espalha para outras partes do mundo durante o movimentado período de viagens do feriado do Ano Novo Lunar.
Autoridades proibiram ligações de transportes a partir de Wuhan, capital da província de Hubei, na manhã de quinta-feira (23), suspendendo serviços de ônibus, metrô, balsas e fechando o aeroporto e estações ferroviárias para passageiros de partida.
No fim do dia, as cidades chinesas próximas de Huanggang e Ezhou anunciaram medidas similares. Restrições de viagens também foram colocadas em curso nas cidades menores de Chibi e Zhijiang.
Na sexta-feira (24), Huangshi, na província de Hubei, também interrompeu os serviços de transporte público.
Com início à meia-noite, serviços de ônibus de longa distância, sistemas de trem rápido e estações de trem em Huanggang seriam interrompidos, de acordo com um aviso do governo local. Cinemas, internet cafés e outros locais de entretenimento também parariam de funcionar. Residentes não devem sair de casa, exceto por “razões especiais”.
Um aviso do governo em Ezhou disse que a ferrovia da cidade pararia de operar na noite de quinta-feira. Na vizinha Chibi, autoridades disseram que ônibus e ligações de transporte rural seriam interrompidos. Autoridades também ordenaram a operadoras de tours que cancelassem operações e disseram que mais nenhum evento cultural de grande escala seria realizado.
Houve 830 casos confirmados na China do coronavírus, da mesma família dos vírus que deu origem à SARS. Autoridades chinesas disseram que 95 pacientes continuam em estado grave.
Na quinta-feira, a autoridade da saúde de Hebei disse que um paciente infectado morreu, marcando o primeiro caso confirmado de morte fora da província de Hubei, onde o vírus começou. Na sexta-feira (24) o número oficial de mortos subiu para 25.
Casos também foram confirmados nos EUA, Reino Unido, Taiwan, Coreia do Sul, Tailândia, Japão, Hong Kong, Vietnã e Singapura.
A doença causada pelo recém-identificado coronavírus apareceu no mês de dezembro em Wuhan, um centro industrial e transporte na central da China. A grande maioria dos casos na ilha principal da China foram na cidade.
Analistas preveem que os casos reportados continuem a se multiplicar. “Mesmo se estiverem em milhares isso não nos supreenderia”, disse Gauden Galea, representante da OMS na China. O número de casos não foi um indicador da gravidade do surto, enquanto a taxa de mortalidade continuou baixa, enfatizou.
A família do coronavírus inclui a gripe comum, assim como os vírus que causam doenças mais graves, como o surto de SARS (síndrome respiratória aguda grave) que se espalhou pela China para mais de uma dezena de países em 2002-2003 e matou cerca de 800 pessoas, e a MERS (síndrome respiratória do Oriente Médio) que se desenvolveu de camelos.
Na quinta-feira a Organização Mundial da Saúde – OMS disse que o surto ainda não constitui uma emergência de saúde pública de preocupação internacional. Emergências anteriores incluíram o ebola e o Zika.
Fonte: The Guardian