Pessoas de máscara em estação de trem (ilustrativa/PM)
Casos em que pessoas mentiram sobre estarem infectadas pelo novo coronavírus estão se tornando comuns no Japão, mesmo com companhias e empresas ferroviárias tomando medidas rigorosas para tentar conter a propagação do vírus.
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Declarações imprudentes, e por vezes maldosas, e postagens na mídia social estão levando a interrupções em serviços de trens e ao cancelamento de eventos.
“Não vamos permitir tipos de ações que encorajam a desordem”, disse um oficial sênior da polícia, e há uma aceleração clara no número de prisões sob acusações de obstrução de negócios.
No trem em Gunma
“Estou com corona. Vou te infectar!”, disse um homem embriagado na linha de trem da JR Ryomo, enquanto ele atormentava uma mulher no mesmo vagão.
O incidente que ocorreu em 16 de março causou confusão e o trem teve que interromper o serviço na estação de Kiryu por cerca de 1 hora. O homem, que depois disse que era um trabalhador de construção civil de 54 anos, foi preso no local sob suspeita de obstrução fraudulenta de negócios por interferir nas operações da JR East.
A JR East não permitiu que nenhum passageiro entrasse a bordo do trem e retomou as operações depois de 1 hora. O atraso afetou três serviços de trens, os quais transportavam cerca de 1.230 pessoas. Passageiros que estavam no mesmo vagão que o homem embriagado foram ao Twitter manifestar suas preocupações, “se ele realmente tivesse o vírus, seria terrível”.
A polícia disse que não confirmou se o homem estava infectado, mas ele disse às autoridades que estava “mentindo e brincando”.
Todas as companhias do grupo JR estão tomando medidas, como esterilizar os interiores dos vagões quando têm a informação de que alguém infectado tomou um trem.
Na estação de trem em Shimane
Em um outro incidente, em 13 de março na estação de Kisuki na cidade de Unnan (Shimane), um homem desempregado de 44 anos foi preso após mentir e dizer que tinha o vírus. Cinco funcionários da estação desinfetaram bancos e máquinas de bilhetes.
“Não soubemos imediatamente se ele estava ou não infectado”, disse um representante da JR West. “Pensando na segurança de nossos passageiros, a desinfecção é necessária”.
Pelo Twitter, envolvendo evento de música ao vivo em Tóquio
A mídia social também está representando um papel, possibilitando que falsas declarações de infecção alcancem uma ampla audiência.
Em 15 de março, um funcionário do setor privado de 30 anos em Tóquio tuitou, “me recuperei do corona. Estou indo!” antes de seguir para um local com música ao vivo. Quando organizadores do evento souberam desse tuíte e da participação do homem, o evento de ídolos foi temporariamente fechado para ventilar a área e as vendas de produtos foram suspensas.
O homem, que também foi preso por suspeita de obstrução fraudulenta de negócios, admitiu aos oficiais da polícia que ele “não tinha ido ao hospital” e que ele havia mentido em seu post na mídia social.
A lei japonesa proíbe a obstrução das operações de negócios de outras pessoas através de coisas como falsas declarações e postagens. Medidas punitivas variam, mas poderiam ser de até 3 anos de prisão ou multas de até 500 mil ienes (US$4.664).
“Toda a sociedade está em alerta por causa do novo coronavírus, então informação falsa poderia acabar causando pânico”, disse o oficial sênior da polícia.
Comportamentos que interrompem eventos ou causam atrasos em serviços de trens também criam responsabilidades civis para os autores.
Caso de homem em Aichi espalhando o vírus deliberadamente
Além de falsas declarações que arriscam criar pânico, ao que parece há pelo menos um caso de alguém espalhando o coronavírus deliberadamente.
Em Gamagori (Aichi) um homem na faixa dos 50 anos que teve a confirmação do coronavírus e que havia sido solicitado a fazer autoquarentena em casa foi a dois restaurantes na cidade. O homem disse que iria “espalhar o vírus” na área.
Desde então, uma funcionária em um dos restaurantes testou positivo para o vírus, e o homem morreu na quarta-feira (18). A polícia recebeu uma queixa criminal do restaurante e está procedendo com uma investigação.
Fonte: Asia Nikkei