O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, disse nesta segunda-feira (23) que adiar as Olimpíadas de Tóquio programadas para este verão era uma opção se os Jogos não puderem ser realizados de uma “forma completa” devido à pandemia do novo coronavírus.
As observações de Abe ao parlamento ocorrem após o Comitê Olímpico Internacional- COI ter discutido no domingo (22) o estabelecimento de um prazo final de 4 semanas para determinar como proceder com os Jogos, incluindo um adiamento.
“Se a decisão do COI significar que se torna impossível realizar (as Olimpíadas) de uma ‘forma completa’, como eu disse anteriormente, então uma decisão poderá ter que ser feita para adiá-las”, disse Abe.
Abe acrescentou que cancelar as olimpíadas “não era uma opção”.
Na segunda-feira, o Canadá disse que seus atletas não participariam neste verão e pediram um adiamento de 1 ano. O Comitê Olímpico Australiano disse que seus atletas deveriam se preparar para a realização de Jogos em 2021.
O conselho executivo do COI realizou uma teleconferência não agendada apenas dias após a organização ter reafirmado planos de realizar a cerimônia de abertura em julho. Entretanto, além do crescente número de atletas que saíram em oposição à realização dos jogos, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse no sábado (21) que reiterou sua sugestão sobre o Japão adiar o evento até o próximo ano.
“O primeiro-ministro Shinzo Abe tem uma grande decisão a fazer”, disse Trump.
Após oficiais do COI terem realizado uma outra teleconferência extraordinária na terça-feira (17), a organização conduziu outras teleconferências com federações esportivas internacionais, comitês olímpicos nacionais e representantes de atletas, onde todas as partes concordaram em realizar os Jogos de Verão como programado.
Mas na sexta-feira (20), os EUA e o Comitê Olímpico e Paralímpico divulgaram uma declaração dizendo que o conselho executivo do COI realizará uma reunião nesta semana.
O comitê disse, “o COI está apurando todos os CONs para determinar os impactos sobre treinamentos que estão ocorrendo”, referindo-se aos comitês olímpicos nacionais.
As reuniões consecutivas improvisadas parecem ser em resposta a um incêndio de críticas por parte de atletas que citam uma inabilidade de treinar adequadamente. A epidemia de coronavírus exigiu restrições de viagens e fechamentos de instalações de treinamento.
Pedidos para adiar as Olimpíadas vêm da UK Athletics, órgão que rege o atletismo no Reino Unido, assim como da Federação de Nação Francesa. Comitês Olímpicos Nacionais na Eslovênia, Noruega e Brasil também vieram a favor do adiamento.
Nos EUA, um país que detém o poder sobredimensionado em termos de patrocínios de esportes e direitos de transmissão, tanto o USA Track e o Field and USA Swimming solicitaram ao lobby do Comitê Olímpico dos EUA que adiasse os jogos em 1 ano.
Face aos últimos desenvolvimentos no COI, alguns no Japão se resignaram da ideia dos jogos serem colocados em curso.
“Isso provavelmente significa que o COI também está se inclinando a favor de um adiamento”, disse uma fonte próxima aos organizadores olímpicos japoneses. “Estamos chegando a um estágio em que discutimos várias questões relacionadas a um adiamento, como a questão de direitos de transmissão”.
O presidente do COI, Thomas Bach, disse repetidamente neste mês que as Olimpíadas continuarão na agenda. Mas em uma entrevista ao New York Times na quinta-feira (19), ele pareceu aberto a fazer algumas mudanças.
“Certamente que estamos considerando diferentes cenários”, disse Bach.
Fonte: Asia Nikkei