Imagem ilustrativa/PM
Especialistas em microbiologia na Espanha disseram que testes rápidos para detectar coronavírus que o país comprou da China não estão identificando consistentemente casos positivos.
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O erro foi descoberto em um momento em que a Espanha enfrenta um dos piores surtos de coronavírus no mundo, segundo país após a Itália em número de mortes reportadas.
Estudos feitos com os testes na Espanha descobriram que eles tinham apenas 30% de sensibilidade, o que significa que eles identificam corretamente pessoas com vírus somente 30% das vezes, disseram fontes ao jornal espanhol El País.
Essas fontes disseram ao jornal que os testes deveriam ter uma sensibilidade de mais de 80%. O Centro de Prevenção e Controle de Doenças – CDC dos EUA diz que para testes rápidos de influenza exige-se 80% de sensibilidade.
Testes rápidos podem ter um resultado em minutos, mas são geralmente menos precisos do que outros testes. Várias companhias em todo o mundo estão os produzindo.
Os estudos levaram a Sociedade Espanhola de Doenças Infecciosas e Microbiologia Clínica a recomendar formalmente o não uso desses testes, divulgou o El País. Isso significa que equipes médicas agora vão usar outros testes que levam mais tempo para mostrar um resultado.
Fernando Simón, diretor do centro de coordenação de emergências de saúde da Espanha, disse na quinta-feira (26) que o país verificou 9 mil desses testes, descobriu que seus resultados não eram consistentes e decidiu devolvê-los.
Ministério da saúde da Espanha confirma os resultados dos estudos
O ministério da saúde da Espanha confirmou os resultados dos estudos dos testes ao El País, com um porta-voz dizendo que o Instituto de Saúde Carlos III, um instituto de saúde pública que reporta ao governo, “detectou uma sensibilidade que não corresponde ao que é estabelecido na ficha técnica”.
O porta-voz disse que o instituto havia recolhido um lote desses testes enviados a Madri. Novos testes aprovados pelo governo serão lançados no lugar, disse ele.
Os testes estavam sendo usados nas regiões de Andaluzia e Galiza, e eles foram usados primeiro na região de Madri na quarta-feira (25).
Atrasos decorrentes da implementação do novo teste prejudicarão ainda mais os esforços da Espanha em conter o vírus, o qual já matou mais de 4 mil pessoas no país desde a quinta-feira.
Palavras da embaixada chinesa na Espanha
Os testes foram fabricados pela companhia chinesa de biotecnologia chamada Bioeasy, divulgou o El País. Outros países, incluindo a Geórgia, compraram os testes dessa empresa.
A Embaixada Chinesa na Espanha disse no Twitter na quinta-feira que os suprimentos médicos que a China estava doando a outros países não incluíam os produtos da Bioeasy.
Ela disse que o Ministério do Comércio da China forneceu à Espanha uma lista de fabricantes e que a Bioeasy não estava entre elas, acrescentando que a empresa não havia recebido uma licença da Administração Nacional de Produtos Médicos da China para vender seus produtos.
Na segunda-feira (23), a Espanha havia recebido 640 mil testes rápidos da China e da Coreia do Sul. Não está claro quantos foram fabricados pela Bioeasy.
Profissionais na área médica da República Tcheca também disseram que testes rápidos vindos da China não estavam funcionando de forma apropriada, mas não estava claro se esses testes também foram fabricados pela Bioeasy.
A Espanha vem sendo arrasada pelo surto do vírus que se originou na China no fim de dezembro de 2019. Os casos na Espanha subiram para mais de 56 mil, o 4º maior no mundo, atrás da China, Itália e EUA.
Como o surto desacelerou na China o país enviou equipes médicas e doou itens como máscaras e testes para outros países.
Fonte: Business Insider