Yuji Shimada, 24 anos, é um brasileiro natural de Mato Grosso e criado em Nagahama (Shiga). Em março formou-se pela Universidade de Medicina de Shiga, situada em Otsu.
Em abril já iniciou o seu período de residência médica em um hospital de Tóquio. “Quero ser um médico que possa ajudar as pessoas com problemas, porque conheço o sentimento de preocupação e as condições de vida dos estrangeiros”, disse para a reportagem do jornal Chunichi.
Seus pais vieram de Cuiabá quando ele tinha um ano e meio de idade. Frequentou as escolas japonesas, por isso, não tem problema com o idioma de seus ancestrais. Jogava futebol e frequentou escola de reforço no ginásio, adquirindo mais habilidade para estudar.
“Como estrangeiro sou diferente dos meus amigos e sempre me sentia afastado. Me preocupava em não me tornar alguém produtivo no futuro”, relata. Nesse tempo sentiu que queria ser como os japoneses mas não tinha incluído o Brasil no futuro.
Agradece aos pais
Decidiu que seria médico quando viu esses profissionais trabalhando no Grande Terremoto ao Leste do Japão. “Tive a sorte dos meus pais deixarem que eu fizesse o que eu queria, mesmo durante os períodos de instabilidade financeira”, contou.
Seu ponto de virada aconteceu depois que ingressou na universidade. As pessoas à sua volta tinham interesse porque é brasileiro e tomou as suas raízes como ponto positivo.
No verão do quarto ano da faculdade passou um mês fazendo estágio por conta própria em um hospital de Cuiabá. Lá compreendeu a diferença do atendimento médico entre os dois países.
Mensagem às crianças conterrâneas
Pretende atuar no Japão mas ainda não definiu a área médica. Ainda pretende voltar ao Brasil para um estágio. Se lembra que seus pais, sem fluência do idioma japonês tiveram dificuldades quando iam ao hospital. Por isso, quer atender os residentes estrangeiros usando português e inglês. Também pensa em ir para outros países.
Em meio ao aumento de crianças com raízes estrangeiras estudando nas escolas japonesas, muitas não prosseguem para o colegial e universidade.
“Quando era pequeno, achava que os estrangeiros podem estar em desvantagem. Mas ser capaz de falar uma língua estrangeira e de entender os sentimentos de uma pessoa que está sofrendo são pontos fortes. Gostaria que essas pessoas tomassem isso como ponto positivo e que busquem ativamente o que têm vontade de fazer superando os desafios”, disse Yuji como mensagem.
Fonte: Chunichi