Uma segunda onda de infecções por coronavírus certamente afetará o Japão, mesmo com o país ter conseguido evitar uma propagação explosiva da Covid-19, de acordo com Kenji Shibuya, professor em um instituto britânico.
Shibuya, diretor do Instituto para Saúde da População no King’s College de Londres, alertou durante uma entrevista contra complacência após o Japão ter conseguido evitar um surto na escala vista em muitos países ocidentais.
“Será perigoso ter tal percepção quando a próxima onda de infecções chegar”, disse ele. “A luta contra esse vírus é verdadeiramente uma batalha a longo prazo, e é somente o fim do primeiro turno”.
Shibuya elogiou as medidas do governo japonês para conter clusters (aglomerados) de infecções durante os estágios iniciais do surto.
Ele também disse que os esforços da população de ficar em casa e a declaração de um estado de emergência do governo imediatamente após os números de infecções começarem a aumentar ajudaram exponencialmente a prevenir uma propagação explosiva.
“Costumes no Japão como usar máscaras cirúrgicas e não cumprimentar apertando as mãos também podem ter funcionado de uma maneira positiva, mas a importância de distanciamento social se tornou aparente”, disse ele.
Shibuya enfatizou que é fundamental estabilizar um sistema médico que possa suportar um aumento no número de pacientes e intensificar o monitoramento de tendências de infecção ao testar mais pessoas.
“Embora o Japão tenha conseguido adquirir tempo para medidas de clusters, seus sistemas médicos e de testes são insuficientes”, disse ele.
“Enquanto investir em testes de pacientes severamente doentes em si é correto, a maior questão com essa doença é que aqueles sem sintomas a espalham para outras sem saber’.
Ele enfatizou a necessidade de mudar para um regime de testar mais pessoas, identificar pacientes infectados e isolá-los.
Shibuya também pediu a empresas que cooperassem em submeter funcionários a testes periodicamente para o vírus.
“Será possível realizar testes em casa usando amostras de saliva”, disse ele.
Shibuya disse que o Reino Unido demorou para estabilizar um regime de testes apesar da rápida propagação do vírus na Itália a partir de fevereiro ao início de março, causando uma crise que levou a cerca de 34 mil mortes.
Fonte: Japan Times, Jiji