Governos locais no Japão estão despertando para a necessidade de se preparar para um cenário de pior caso – um desastre natural e surto de coronavírus afetando suas áreas ao mesmo tempo.
Apesar do fim do estado de emergência por causa do surto do vírus que o primeiro-ministro Shinzo Abe declarou para a nação toda em um ponto, infecções não chegaram a zero e o arquipélago está em alerta contra um ressurgimento nos casos após algumas cidades terem registrado clusters (aglomerados) de infecções nos últimos dias.
O Japão é propenso a desastres naturais como terremoto ou tufões, e municípios locais têm planos de resposta. Mas este ano, eles estão enfrentando dificuldades para prevenir que abrigos de emergência se tornem focos de infecções por coronavírus, visto que a chegada da temporada das chuvas afetará o país inteiro em junho.
A cidade de Kesennuma (Miyagi) decidiu aumentar de 12 para 25 o número de escolas e centros comunitários que fornecerão abrigos principalmente para residentes idosos que iniciam o processo de evacuação antes dos outros em casos de desastres como inundações.
Kesennuma tem um total de 96 instalações prontas para servir como abrigos de emergência na sequência de desastres incluindo terremoto ou tsunami.
O plano é destinado a evitar a superlotação de instalações de emergência ao dispersar os evacuados e reduzir aos riscos de transmissão do vírus, visto que o Japão está pedindo às pessoas que evitem espaços fechados, lugares lotados e contato próximo, os 3 Cs em inglês (closed spaces, crowded places e close-contact settings).
As pessoas em abrigos precisam manter uma distância de 2 metros e usar desinfetantes, de acordo com as diretrizes operacionais da cidade.
Mas um oficial da cidade reconhece que ajuda de entidades de fora, como associações de residentes locais, pode ser necessária para operar essas instalações. “Funcionários do governo da cidade podem não ser suficientes”, disse o oficial.
A região nordeste do Japão foi devastada pelo grande terremoto e tsunami em 2011 que causou o pior acidente nuclear na província de Fukushima desde o de Chernobyl.
Número de casos no Japão aumenta, mas a um ritmo bem mais lento
Especialistas médicos estão pedindo por vigilância contínua contra o vírus que causa pneumonia, embora Abe tenha declarado em 25 de maio que o estado de emergência estava encerrado.
O número total de casos no Japão continua aumentando, embora a um ritmo bem mais lento, com a contagem situando-se a 17,5 mil, incluindo cerca de 700 do navio de cruzeiro Diamond Princess que ficou sob quarentena na cidade de Yokohama em fevereiro.
Todos os anos, o Japão é atingido por uma série de terremotos, e vários tufões que causam caos em partes do arquipélago em todo verão e outono nos últimos anos.
Se aumentar a necessidade de buscar abrigo, os evacuados serão encorajados a trazerem suas próprias máscaras, sabonetes e termômetros.
A cidade de Amagasaki (Hyogo) planeja preparar abrigos que aceitarão exclusivamente pessoas que tiveram contato próximo com infectados ou para aqueles que retornaram do exterior.
Mas ir a instalações de evacuação preparadas por autoridades do governo não é a única opção, desde que haja outros lugares seguros. Hotéis e pousadas no estilo japonês também podem representar um papel importante, diz o governo central.
Visto que a disponibilidade de quartos flutua dia a dia, o uso de hotéis pode não ser fácil. “É difícil criar planos com antecedência sobre o uso de hotéis”, disse um oficial do governo da cidade de Nagano (província homônima), que foi atingida pelo tufão Hagibis em outubro passado.
A cidade planeja se organizar com hotéis quando um desastre ocorrer.
Fonte: Kyodo News and Cuture