O cantor brasileiro Kauan Okamoto, ex-integrante da maior agência de produção de boys bands do Japão, Johnny & Associates, denunciou que sofreu abuso sexual no começo de sua carreira, em 2012.
O fundador, americano, John Hiromu Kitagawa, conhecido como Johnny Kitagawa (falecido em 2019), foi o perpetrador, quando Kauan Okamoto era adolescente, na faixa dos 15 ou 16 anos.
Com frequência, todos os juniores, como eram chamados, dormiam no espaçoso apartamento do empresário. Os abusos ocorriam de noite, já na cama, segundo o brasileiro.
Kauan tem sido destacado pela imprensa desde que deu seu primeiro depoimento em uma live como o então político Gaasyy, no seu canal do YouTube. Foi encorajado a realizar uma coletiva de imprensa no Clube dos Correspondentes Estrangeiros do Japão (FCCJ), por que a imprensa japonesa colocava um véu sobre o caso, por se tratar de uma agência tão “poderosa”.
Corajosamente, relata que por esconder seus sentimentos em relação a essas ocorrências, não podia agir com naturalidade, teve crises de pânico e passou por muito sofrimento. Depois que resolveu abrir seu coração, se sente aliviado e deseja que esse tipo de comportamento seja banido dos bastidores do mundo artístico.
Outras vítimas de abuso sexual decidiram vir a público
Depois do depoimento corajoso, em japonês fluente do atual cantor brasileiro em carreira solo, outros ex-juniores, talvez apoiados pela população horrorizada com o que acontecia e era um assunto velado, começaram a aparecer para falar.
Uma reportagem feita pela estatal inglesa BBC também ajudou a trazer esses fatos à tona.
Outro que decidiu contar que foi vítima de abuso sexual, foi o japonês Yasushi Hashida, 37, o qual continua dançando e cantando, “com a intenção de evitar que danos semelhantes ocorram”. Ele relata que sofreu abuso sexual quando tinha apenas 13 anos, cheio de sonhos de se tornar um grande artista.
Medo e sigilo
Todos os depoimentos arrancam lágrimas das pessoas que os ouvem, imaginando como os adolescentes devem ter ficado com medo, mas não tinham coragem sequer de comentar entre eles.
O modus operandi parecia ser sempre o mesmo. Johnny convidava para jantar, depois que os garotos tomavam banho e iam para cama, começava a massagem, terminando em abuso. No dia seguinte, como se nada tivesse acontecido, os alvos ganhavam uma cédula de 10 mil ienes. Se o contrariassem no sentido de não permitir os assédios e abusos eram ignorados pelo famoso Johnny.
Passadas 8 semanas após a denúncia corajosa do cantor brasileiro Kauan Okamoto, já são 11 vítimas que resolveram se revelar, sem esconder o nome.
Projeto de lei para prevenção da recorrência
Na terça-feira (16) tanto Okamoto quanto Hashida, atenderam ao convite do Partido Democrático Constitucional do Japão para darem depoimento, a fim de elaborar um projeto de lei para prevenção dos abusos sexuais e outros crimes no meio artístico, que ocorrem nos bastidores do mundo do entretenimento.
A atual presidente da empresa Johnny & Associates, Julie Keiko Fujishima, é filha de uma então diretora, Mary Y. Kitagawa, apresentou um pedido de desculpas para o cantor Kauan Okamoto, depois de uma reunião com ele, segundo um vídeo no seu canal, em 13 deste mês. Assim, Okamoto espera que não surjam mais vítimas.
Caso queira assistir aos vídeos do canal do cantor Kauan Okamoto, da reportagem da BBC e da coletiva de imprensa no FCCJ, veja a lista abaixo.
Fontes: JNN, Sanspo, IT Media, Bunshun, BBC e FCCJ