Além de saber interpretar um texto, realizar operações matemáticas complexas, ou compreender o funcionamento de um organismo vivo, o Yumehana Juku (夢花塾), um reforço escolar, propõe o estimular os sonhos de cada criança durante o processo de aprendizagem.
Localizado em Showa-ku, cidade de Nagoia (Aichi), o Yumehana Juku é dirigido pela universitária estrangeira Giselle Adorno, 22, e foi inaugurado em abril deste ano. O juku é voltado para as crianças do primário e ginasial e atualmente possui 10 alunos de diferentes nacionalidades. “Desejo que tenham entusiasmo pelo futuro” disse Giselle, influenciada pela sua vivência no Japão tendo raízes estrangeiras.
Filha de brasileiro, sansei, e indonésia, Giselle nasceu e foi criada no Japão usando a língua portuguesa em casa. Relatou em entrevista ao jornal Mainichi que teve dificuldades no começo, com o idioma japonês. “A escola é o local onde a criança passa a maior parte do dia, portanto é difícil conviver sem compreender a língua japonesa” afirmou Giselle.
Experiências próprias estimulam os sonhos das crianças
A família se mudou de Kanto para Mie, quando ainda estava no quarto ano do primário. Seus pais sempre a apoiaram nos estudos, apostando no seu futuro. Quando iniciou o ginásio, foi matriculada no juku e foi aprovada na prova de ingresso para o colegial. Hoje, estuda na Universidade de Nanzan, uma das universidades de maior prestígio na região de Chubu.
Durante a pandemia do coronavírus, enquanto estudava online, Giselle começou a dar aulas de reforço para crianças estrangeiras e viu a necessidade de apoio e incentivo que as crianças precisavam para dar continuidade nos estudos em língua japonesa. Muitas delas relatavam seus sonhos e planos, porém não se sentiam confiantes. “Não é que os estrangeiros não consigam estudar, é só porque não entendem os kanjis. Com um pouco de suporte, pude ver como crescem, o que me deu muita alegria”, disse a universitária.
Apoio para o juku veio do patrão
Quando conheceu Hirono (広野耕史), 39, proprietário do restaurante onde fazia arubaito, Giselle contou seus planos de iniciar um juku. Hirono que já administra 4 negócios que herdou de seu pai, decidiu apostar no projeto dela e encontrou um imóvel perto do restaurante. Assim, o juku saiu do papel e foi aberto após 5 meses.
Com o auxílio dos seus colegas da Nanzan, a universitária ensina, além das matérias escolares gerais, conversação em inglês e japonês. O objetivo é que os alunos adquiram o hábito de estudar e também tenham orientação individual de acordo com o nível de aprendizado. Além das salas de estudo há espaços livres para outras atividades.
“Quero que este juku proporcione conforto emocional para cada aluno e que dê a oportunidade para a realização dos seus sonhos“, pontuou Giselle.
Fonte: Mainichi