A H&M disse que está acompanhando 20 casos alegados de abuso de mão de obra em fábricas de roupas em Myanmar que abastecem a segunda maior varejista da moda do mundo, apenas semanas após a dona de sua principal rival Zara, a Inditex, ter dito que está eliminado compras do país no Sudeste Asiático.
Um grupo de defesa de direitos humanos com sede no Reino Unido rastreou 156 casos de alegados abusos no trabalho em fábricas de roupas em Myanamar (Birmânia) de fevereiro de 2022 a fevereiro de 2023, aumento de 56 ante o ano anterior, indicando uma deterioração dos direitos de trabalhadores desde um golpe militar em fevereiro de 2021.
Redução e extravio de salário foram as alegações mais frequentemente reportadas, seguidas por demissões injustas, índice de trabalho desumano e horas extras forçadas, de acordo com um relatório da ONG Business and Human Rights Resource Center (BHRRC), que seria publicado na quarta-feira (16).
O BHRRC vem acompanhando alegações de abusos de direitos dos trabalhadores em fábricas de roupas desde que a junta militar assumiu o poder em Myanmar, afundando a nação em uma crise política e humanitária. O rastreio inclui casos de abuso em 124 fábricas diferentes.
O rastreio da BHRRC de casos alegados de abuso ocorre através de fontes incluindo líderes de uniões, mídia internacional e local, como a Myanmar Labour News, e busca verificar relatos ao se consultar com marcas e entrevistando trabalhadores.
O grupo espanhol Inditex foi a marca mais recente a dizer que cortaria relações com fornecedores em Myanmar, após a Primark and Marks & Spencer no ano passado, em uma tendência que alguns dizem que poderiam deixar essencialmente trabalhadores em piores condições.
Vicky Bowman, ex-embaixador de Myanmar no Reino Unido e diretor do Myanmar Center for Responsible Business, disse que marcas internacionais sob pressão para parar de comprar de Myanmar são também as que têm mais probabilidade de oferecer empregos estáveis e tomar medidas para se proteger de abusos de direitos.
“Se elas saírem, ou os empregos desaparecerão inteiramente, ou fábricas vão lutar para receber pedidos de descuidados agentes de compras que se importam apenas com trabalho barato e não se preocupam com condições de trabalho”, disse Bowman.
Fonte: Japan Times