Foto ilustrativa de cabeleireira fazendo um corte (PickPik)
A brasileira Vanessa Masami Nakazato, 37, superou todos os desafios para obter a qualificação profissional de cabeleireira, cuja trajetória foi marcada por superações.
Publicidade
Residente na cidade de Numazu (Shizuoka), sua rotina era cuidar da filha de 7 anos, ir até o salão de cabeleireiros na cidade de Mishima 3 vezes por semana e estudar na escola técnica japonesa, pelo EAD. Disse que foi incentivada pelos japoneses a buscar a realização desse sonho.
Vanessa chegou ao Japão há cerca de 20 anos, depois de ter interrompido seus estudos em São Paulo, para acompanhar os pais quando tinha 17 anos. Como a grande maioria faz, foi trabalhar em uma fábrica de autopeças, depois em outras da mesma província. “Consegui ganhar dinheiro, mas trabalhar numa fábrica não era o que eu queria fazer”, disse ela, pois se sentia insatisfeita.
O ponto de virada da brasileira
A cabeleireira brasileira quando ainda treinava para ser aprovada no exame nacional (Shizuoka Shimbun)
Há 4 anos, a fábrica onde trabalhava se mudou, por isso perdeu o emprego. Porém, foi contratada pelo salão de beleza onde continua até hoje. “A beleza me interessava e se não fosse o dono japonês que me contratou não estaria onde estou hoje”, destaca.
No início, trabalhou como recepcionista e atendia telefonemas, e lutava todos os dias com o desconhecido idioma japonês. Porém, teve um suporte importante.
A japonesa Natsu Tanaka, da ONG Tobu Palette, de Numazu, proporcionou aulas de língua japonesa com lições necessárias para a vida diária. Elas se conhecem há mais de 15 anos, e lhe ensinou como atender aos telefonemas, outros procedimentos e também a estudar para o exame nacional.
O difícil exame nacional
Foto ilustrativa de mulher estudando (Flickr)
O exame nacional inclui habilidades práticas, como técnicas de corte, bem como questões escritas sobre conhecimentos de beleza, estrutura do corpo humano e legislação de saúde pública. As duas se sentavam à mesa sempre para os estudos dos 7 livros didáticos e especializados.
“Fiquei surpresa com a quantidade de terminologias técnicas. É difícil até para os japoneses, mas ela é muito esforçada e sabia que conseguiria obter resultados”, lembrou a sua incentivadora da ONG.
Diploma é o ponto de partida profissional
Vanessa relembra que teve momentos em que pensou abandonar os estudos, pois era difícil conciliar tudo em um país estrangeiro.
“Não saber falar japonês limita as opções de carreira. No entanto, se você tem algo que deseja fazer, não desista. Tenho certeza de que existem pessoas que podem ajudá-lo a realizar seus sonhos”, disse Vanessa como mensagem para outras pessoas, destacando o apoio recebido da senhora Tanaka, colegas de trabalho e seus familiares.
Afinal, depois de 3 anos de estudos e trabalho, foi aprovada no exame nacional, obtendo o diploma para o exercício da profissão de cabeleireira.
“Este é o ponto de partida. Um dia quero abrir meu próprio salão e criar um lugar para todas as pessoas, sejam brasileiros, japoneses ou outros”, disse Vanessa com alegria.
Fonte: Shizuoka Shimbun