Tanto a filosofia quanto a psicologia afirmam que a felicidade é um dos principais propósitos dos seres humanos. De acordo com as experiências de vida e as suas expectativas, cada pessoa entenderá, de maneiras diferentes, o que seria a felicidade para si. Porém, de um modo geral, a felicidade é um estado emocional não contínuo, ou seja, não é uma condição que acontece o tempo todo sem intervalos.
Por exemplo, a felicidade ligada ao trabalho vem como consequência e não como processo. Enquanto você trabalha, por mais que faça aquilo que gosta, sempre haverá algo de que não gosta que deverá ser feito. Por exemplo, um vendedor pode amar atender os clientes, mas não gosta de arrumar o estoque; ou uma dona de casa que adora cozinhar, mas não gosta de lavar a louça depois; ou um trabalhador de fábrica de autopeças que gosta da sua atividade laboral, mas não gosta de acordar cedo.
Esta é a vida real e na vida real a felicidade não está presente o tempo todo para ninguém, até porque seria extremamente cansativo para o aparelho psíquico estar no modo alegre, entusiasmado e fervilhando de dopamina (conhecido como hormônio da felicidade) o tempo inteiro!
É como se alguém estivesse de férias o tempo todo! À primeira vista, seria maravilhoso, mas não é bem assim. O ser humano precisa se sentir útil, conquistar e produzir. Sentir que possui algo conquistado com seu suor, mas para isso, paga-se o preço de ter que lidar com momentos não tão prazerosos assim.
Sendo assim, acredito que fique mais fácil compreender por que a felicidade ligada ao trabalho, por exemplo, chega a todos nós como consequência e não como processo.
Outro ponto importante sobre a felicidade é você saber que existe a felicidade que você deve se esforçar para alcançar e aquela que vem sem esforço.
A felicidade por esforço é aquela que você trabalha, luta, abre mão de coisas que você gosta durante o processo, sabendo que “lá na frente” colherá frutos ou realizará seu sonho, como uma viagem especial ou a compra da sua casa própria.
A felicidade sem esforço são aqueles flashes de alegria no dia a dia que acontecem por acaso ou que são mais fáceis de você realizar, por exemplo, quando você tem a chance para sair com alguém de você gosta para tomar um sorvete e jogar conversa fora; ou quando você admira um lindo pássaro que pousa na sua janela enquanto você almoça; ou se você, ao dirigir, percebe o horizonte com um lindo por do sol à sua frente e começa a admirar.
Então, além da felicidade ser breve e descontínua, ora conquistada, ora gratuita, há algo dentro de você que determinará o que é felicidade ou não.
Tem pessoas que podem ver mil pássaros e não sentem nada; outras, mesmo comprando uma casa também não conseguem perceber a felicidade implicada nisso porque estão emocionalmente ligadas a outras coisas desprazerosas da sua vida.
Por isso, falar sobre a felicidade sempre será um desafio, pois para que ela exista na sua vida, você também tem que estar receptivo à ela.
A felicidade por si só não existe. É preciso que alguém a sinta.
Psicóloga Flavia Shiroma de Paula
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