Desde os palcos do Brasil até os corredores de trem-bala no Japão, a jornada de Luiz França como comediante é uma verdadeira montanha-russa de risos e surpresas. Conhecido por sua habilidade única de arrancar gargalhadas do público, França emergiu como um dos principais nomes do humor nacional brasileiro.
Começando sua trajetória nos palcos do teatro em 1998, França logo descobriu seu talento para o humor, desbravando os caminhos do stand-up comedy com o espetáculo “Cara Limpa” em 2000. Desde então, sua carreira decolou, levando-o a lugares inesperados, incluindo o Japão, onde se tornou pioneiro na introdução do stand-up comedy para a comunidade brasileira.
Nesta entrevista exclusiva para o Portal Mie, França compartilha os altos e baixos de sua jornada cômica, desde os aspectos de fazer comédia para um público internacional até os desafios de lidar com os “haters” nas redes sociais. Além disso, ele nos leva a uma viagem engraçada pelos corredores de um trem-bala japonês, revelando como transformou uma situação inusitada em uma história para recordar.
Prepare-se para rir, refletir e se encantar com as aventuras de Luiz França, um verdadeiro mestre na arte de entreter e conectar pessoas através do riso.
Portal Mie: Luiz nos fale um pouco de como tudo começou e com foi sua jornada até chegar aqui no Japão?
Luiz França: Olha, essa jornada não foi fácil não. Eu comecei a fazer teatro em 98 pra perder a timidez e em 99 já tinha um show de humor e a diretora do teatro achou que eu tinha que fazer um solo com um personagem que eu tinha e até trabalhei com o Faustão, que era o Quincas. Aí eu comecei a minha jornada ali com aquele show de humor, era um solo de piadas, anedotas, que a gente chama, e o meu primeiro stand-up, “Cara Limpa”, foi em 2000. Depois que eu fiz o primeiro show de “Cara Limpa”, comecei num bar e não parei mais, e estamos aí, essa loucura toda, graças a Deus.
Portal Mie: Como surgiu a ideia de realizar shows de Stand-Up para a comunidade brasileira no Japão? Como tem sido essa experiência?
Luiz França: Olha, como começou, surgiu a ideia, na verdade eu recebi um convite pra vir pro Japão fazer uma tour, eu fui o primeiro, né? A fazer comédia stand-up no exterior, inclusive depois abriram várias portas em outros países que não tinham esse costume de levar comediantes de stand-up pra shows fora do país. Então depois que eu fiz esse primeiro em 2008, eu voltei no mesmo ano já com mais dois amigos, o Fábio Porchat e a Maira Sharken, e aí desde então decidi trazer os outros amigos para passar a experiência que eu passei, né? Que achei muito bacana, e hoje estou aí trazendo essa turma toda do humor, levando alegria, enfim!
Portal Mie: Quais são os principais desafios de fazer comédia para um público internacional e como você os supera?
Luiz França: Os principais desafios, como a gente trabalha muito com o cotidiano, então tentamos fazer piadas dos lugares que a gente vai. Então quando é show internacional tentamos pegar as coisas do local pra fazer piada, do cotidiano do país e como que o estrangeiro vive no país, a gente vai por cima, então por isso não é tão fácil fazer até porque só temos a resposta no dia do show, né? Porque é quase que um improviso, porque não tem outro jeito, a gente não tem como ensaiar e fazer um texto e ensaiar novo. Tem que fazer e se der certo, maravilha, se não der a gente vai pra outra e aí vai. O desafio é muito grande, porque temos que criar um texto de um país que às vezes você nem conhece.
Portal Mie: Qual foi a maior curiosidade que você encontrou durante suas visitas ao Japão? Como isso influenciou sua perspectiva sobre a comédia e sua interação com o público brasileiro residente no Japão?
Luiz França: Bom, a maior curiosidade são várias, né, na real! Mas assim, o vaso do banheiro é, com certeza, sem sombra de dúvida, é o que mais deixa a gente impressionado porque é muito diferente, né, o vaso que solta água e que esquenta, isso é muito bom. E o fato das coisas que acontecem aqui, da galera não ter tanta preocupação com assalto e roubo, essas coisas. Eu vejo mercadoria nas portas dos ambientes, dos apartamentos e as pessoas de boa ali, então eu acho isso uma curiosidade muito interessante.
Portal Mie: Quais são as diferenças entre fazer comédia no Brasil e em outros países? Existe algo específico sobre o público japonês que você precisa considerar?
Luiz França: Bom, a diferença de fazer comédia no Brasil, como a gente faz para a comunidade brasileira, não tem muita diferença, mas se existe algo específico para o público japonês, é a educação e a tranquilidade que o japonês tem, então isso também se torna piada pra gente, por exemplo, atravessar uma rua, eles não atravessam se o semáforo estiver aberto mesmo não tendo nenhum veículo vindo, enfim! Então, é algo bem interessante pra gente, porque nós que somos de outro país já estamos acostumado a atravessar a rua e fazer coisas que não estão nas regras daqui do Japão, então acabamos aprendendo e ficando também parado ali. Eh é isso aí!
Portal Mie: Como é ser empresário e fazer diversos festivais pelo Brasil e pelo mundo ao mesmo tempo em que atua como comediante?
Luiz França: Olha, como esse empresário é bem difícil porque eu vejo os dois lados, né? Os dois lados da moeda. De estar no palco e estar fora dele. Então quando a gente está fora, a ótica é outra, a preocupação é outra quando você está no palco muda tudo e a gente que produz e faz é muito pesado pra gente estar no palco e ver alguma coisa errada e não poder fazer nada porque você já está no palco então é bem complicado mas eu gosto dessa correria, gosto de fazer, gosto de produzir, gosto de estar atuando. É um prazer de qualquer maneira e no final tudo dá certo.
Portal Mie: Luiz, como surgiu o nome da sua turnê “Sr. Simacem” e como foi a participação do comediante Thiaguinho Milgrau nesse projeto?
Luiz França: Legal. Como surgiu esse nome Sr. Simacem? É que eu brinco com isso aqui no Japão, eu chamo todo mundo de Sr. ou Sra. Simacem, todo mundo é Simacem pra mim (risos), e acabou virando um bordão, então foi daí que surgiu. E o Thiaguinho Mil Grau, eu sempre dou oportunidade para novos comediantes, desde muitos anos né? Então achei que ele precisava de um “Up” e eu acho que ele está gostando também, é isso! É sempre abrir oportunidades para as pessoas despontarem e vários comediantes já participaram dessa minha loucura e botar no palco essa galera e aproveitar a oportunidade e espero que o Thiaguinho Mil Grau consiga frutos com essa oportunidade.
Portal Mie: Lidar com haters é um desafio comum para muitos comediantes. Como você lida com críticas e comentários negativos?
Luiz França: Os haters eu lido muito bem porque faz parte do jogo né? Quando você está numa certa posição artística, sempre vai acontecer, não tem jeito e eu dou risadas, fico rindo e vendo o povo falar e pode falar e falar até papagaio fala, então a gente como pessoa pública temos que entender que vai ter pessoas sempre desejando o seu mal, como também tem muita gente querendo o meu bem e eu priorizo quem deseja o bem.
Portal Mie: Qual é o impacto das redes sociais na sua carreira como comediante e como você utiliza essas plataformas para se conectar com seu público?Luiz França: As redes sociais hoje em dia são importantíssimas, né? Eu, eu até utilizo muito pouco na verdade, eu quero até mudar um pouco isso. Tenho feito alguns vídeos mais postado mais vídeos Acho que hoje em dia sem as redes sociais o artista fica meio perdido né? Porque a televisão não teve tanta força como tinha antigamente e impactando tanta as pessoas como tem hoje a internet. Então eu tenho aí coisas que o meu publico está sempre seguindo, coisas que eu posto, então, vamos que vamos!
Portal Mie: Quais são seus planos futuros para a carreira de comediante e quais são seus objetivos a longo prazo? Além disso, é verdade que você pretende residir no Japão por um ano para explorar novos projetos e aprimorar o seu conhecimento do idioma japonês?
Luiz França: Olha meus planos futuros são vários. Eu pretendo num futuro próximo ter um negocio aqui no Japão meu voltado para comédia. Pretendo fazer um filme e ano que vem também vai ser um link Brasil/Japão e sim eu estou com uma ideia de morar um tempo aqui no Japão um ano para aprender a língua, quero fazer show para japoneses então acho que vai ser muito importante um tempo aqui porque eu aprenda a língua, né e me divirta mais aqui no Japão. É isso aí, arigatou gozaimasu!
Portal Mie: Qual é a melhor maneira de entreter a si mesmo quando você está preso dentro de um trem-bala? Conte para nós como isso aconteceu?
Luiz França: Olha, essa foi uma situação inusitada que aconteceu, eu dormi. Muita gente acompanhou, eu fiquei muito impressionado com a quantidade de pessoas que me acompanharam. Parecia uma historinha que virou uma historinha aqui. Pretendo me perder mais aí pra gravar mais (risos), mas foi um trem interessante. Eu fiquei uns 40 minutos preso dentro do vagão sem poder sair e foi muito engraçado. E aí, ter que rir né? Foi um erro meu e não da companhia, então simbora, a gente tem que tirar um barato de tudo que acontece, pra ficar mais leve a vida, porque ficar reclamando não iria adiantar também. Mas foi isso, vamos ter mais historinhas em breve nos meus stories no Instagram e quem quiser acompanhar é https://www.instagram.com/lfranca/
Reportagem
Clayton Moraes – Fotógrafo & Colunista
Fotos – cedidas