A Tailândia foi o primeiro país da Ásia a liberar o consumo da erva cannabis para fins recreativos, em junho de 2022, com a liberação do cultivo também. Na verdade, em 2018 já tinha sido permitido o uso para fins de medicina e para pesquisa.
Assim, principalmente em Bangkok, as ruas e avenidas ganharam estabelecimentos com luzes neon mostrando a famosa folha e a palavra weed. Os turistas e parte da população que gostam da maconha comemoraram. Junto com isso, vários outros produtos como os destinados a spas, guloseimas, uso culinário e outros foram desenvolvidos.
Mas, o governo pretende voltar atrás, deixando a cannabis somente para uso medicinal e para pesquisa. O primeiro-ministro Srettha Thavisin, no cargo desde agosto de 2023, fez um apelo para reclassificar a cannabis como narcótico na quarta-feira (8).
“O problema das drogas é uma agenda nacional em que todas as agências devem trabalhar em conjunto para resolver o problema seriamente, para que a droga possa ser erradicada e dentro de 90 dias os resultados devem ser vistos claramente”, ordenou.
Pediu ao Ministério da Justiça, ao Conselho de Controle de Narcóticos e à polícia que trabalhem em conjunto para detectar, prender, suprimir e apreender mais bens, grandes e pequenos, e para maior clareza na aplicação da lei, separando os dependentes da droga dos traficantes.
Solicitou ao Ministério da Saúde Pública que alterasse os regulamentos ministeriais para definir a quantidade (bem baixa) em posse para o consumo.
“As drogas são um problema que destrói o futuro da nação”, salientou o primeiro-ministro.
Maconha na Tailândia
O Ministério da Saúde emitiu regulamentos que tornaram a cannabis uma erva controlada que exige licença para plantio ou venda, bem como proibiu vendas online, vendas a mulheres grávidas e menores de 20 anos, e fumar em público. Mas a cannabis pode ser comprada facilmente por praticamente qualquer pessoa em muitos estabelecimentos não licenciados ou online.
Desde que a cannabis foi legalizada, mais de 1,1 milhão de tailandeses registaram-se para obter licenças para o seu cultivo e mais de 6 mil dispensários da erva surgiram em todo o país, muitos deles com pouco controle de qualidade.
A mídia tailandesa relatou casos de violência e abuso alimentados pela droga, inclusive entre jovens, que não deveriam ter acesso a ela.
Quando a nova lei foi aprovada há 2 anos, a superlotação nos presídios foi aliviada porque 3 mil detentos (presos por causa da maconha) foram libertados, o que impulsionaria a economia rural.
Aumento absurdo de pessoas com problemas de saúde mental por causa da maconha
O Ministério da Saúde relatou um aumento no número de pessoas que procuram tratamento para problemas psicológicos relacionados com a cannabis, de mais de 37 mil pacientes em 2022 para mais de 63 mil em 2023. Outros estudos apontaram um maior número de jovens consumindo maconha.
Ainda não se sabe se o governo atual praticará as punições que existiam antes da legalização da cannabis, as quais eram bem rigorosas. Só o fato de ser pego com posse da droga a pena era de 15 anos. É possível que sejam adotadas multas, algo em torno de 60 mil bahts (o equivalente a 254 mil ienes).
Questionamento sobre a maconha para uso recreativo
É preciso aguardar para ver se a Tailândia irá mesmo voltar atrás. Isso deixa o questionamento: a liberação da maconha para uso recreativo traz consequências danosas aos consumidores?
Por outro lado, gerou empreendimentos e empregos na agricultura para cultivo e nos dispensários, além da renda dos impostos por causa do consumo.
Fontes: EuroNews e X