
Presidente Lula e Shigeru Ishiba do Japão (nov/24 NHK)
Segundo a Agência Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viaja ao Japão e ao Vietnã entre os dias 24 e 29 de março. No Japão, Lula vai negociar a abertura do mercado japonês para a carne bovina brasileira, demanda histórica do Brasil. Além disso, o presidente buscará avançar nas negociações para um acordo comercial entre o gigante asiático e o Mercosul.
O primeiro destino da viagem do presidente é o Japão, onde Lula chega no dia 24 de março. Esse encontro tem sido tratado pelo Itamaraty como prova do prestígio que o governo japonês concede ao país. Isso porque os japoneses restringem as visitas de chefes de Estado estrangeiros a apenas uma por ano.
Lula quer emplacar a carne bovina no Japão
O Japão é o segundo maior parceiro do Brasil na Ásia, atrás apenas da China, e o 11.º maior parceiro comercial do Brasil no mundo. Além disso, o Japão abriga a quinta maior comunidade de brasileiros no exterior, com pouco mais de 200 mil pessoas. O país é ainda o 9.º que mais investe no Brasil, com estoque de 35 bilhões de dólares em 2023, aumento de 23% em relação ao ano anterior.

Corte da carne bovina brasileira, a picanha (PM)
De acordo com o Itamaraty, um dos objetivos da viagem é conseguir um compromisso político do Japão para que envie ao Brasil uma missão técnica das autoridades sanitárias japonesas para inspecionar as condições da produção de carne bovina do país. Esse seria um dos passos necessários para o Brasil acessar o mercado de carne bovina japonês.
O Japão importa cerca de 70% da carne bovina que consome, o que representa cerca de 4 bilhões de dólares ao ano. Desse total, 80% são importados dos Estados Unidos e da Austrália, históricos aliados do país asiático. O MRE conta que, desde 2005, o Brasil tenta, sem sucesso, entrar no mercado japonês de carne bovina.
Outros assuntos em pauta: Amazonas e working holiday
A imprensa japonesa divulgou na segunda-feira (17) que o governo japonês receberá Lula como convidado de Estado, e a reunião com o primeiro-ministro Shigeru Ishiba deverá ocorrer em 26 deste mês. A coordenação está em andamento para elaborar um plano de ação para os dois países pelos próximos 5 anos.
Espera-se que o acordo inclua disposições para que os líderes se visitem a cada 2 anos e para o estabelecimento de um novo “diálogo de segurança” entre as autoridades estrangeiras e de defesa.
Além disso, ambos os países trabalharão juntos como setores público e privado para melhorar as terras agrícolas que foram devastadas pelo desmatamento e outras causas, e também tomarão medidas para combater o desmatamento ilegal na Amazônia.
Além disso, o plano também é iniciar negociações para introduzir um visto de férias de trabalho (working holiday), a fim de promover intercâmbios entre as pessoas de ambos os países.
O governo japonês gostaria de aproveitar esta oportunidade para aprofundar a cooperação com o Brasil, um importante país do Sul Global, e compartilhar nossa compreensão da situação na região Indo-Pacífico e da importância do Estado de Direito.
Missão no Vietnã

Cena de Hanoi, capital do Vietnã (PM)
Saindo do Japão, o presidente Lula segue para o Vietnã, onde aterrissa em 28 deste mês. É o 5.º maior consumidor dos produtos agropecuários brasileiros.
Um dos objetivos da viagem é consolidar as etapas necessárias para elevar o Vietnã a parceiro estratégico do Brasil.
“A elevação das relações diplomáticas com o Vietnã ao nível de parceria estratégica possibilitará aprofundar o diálogo político, reforçar a cooperação econômica, intensificar o fluxo de comércio e os investimentos”, explicou o Itamaraty.
Desde que Lula assumiu o terceiro mandato, este é o terceiro encontro entre o presidente brasileiro e o primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chinh. Os dois se reuniram em setembro de 2023, em Brasília, e em novembro de 2024, na cúpula do G20, no Rio de Janeiro.
Em 2024, Brasil e Vietnã registraram um volume de comércio de 7,7 bilhões de dólares, com superávit brasileiro de 415 milhões de dólares. Em 2002, na última visita de Lula ao país, o comércio entre as duas nações era de apenas 500 milhões de dólares.
“A ideia é chegar à meta de 15 bilhões de dólares em volume. A expectativa é de abertura desses mercados e isso se dá em um contexto mais amplo de aproximação do Brasil com nações do sudeste asiático”, completou o embaixador Saboia.
Fontes: Agência Brasil, NHK e Okinawa Times