
Milhares de manifestantes em frente ao prédio do governo, em Katmandu (ANI)
Após a proibição do uso das redes sociais pelo governo do Nepal, milhares de manifestantes da Gen Z (geração Z) foram às ruas de Katmandu e de outras cidades em protesto, também contra a corrupção, na segunda-feira (8), resultando em 19 mortos e mais de 400 feridos, incluindo mais de 100 policiais.
A força policial matou 17 pessoas a tiros em Katmandu, de acordo com o porta-voz Shekhar Khanal, com duas mortes adicionais relatadas no distrito de Sunsari, no leste do Nepal. Os policiais disseram que usaram balas de borracha, gás lacrimogêneo, canhões de água e cassetetes quando os manifestantes romperam as barreiras de arame farpado na tentativa de chegar ao Parlamento.
Depois dessa onda de violência e caos, o Ministro do Interior, Ramesh Lekhak, renunciou.
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No dia seguinte, terça-feira (8), os manifestantes invadiram e atearam fogo no Parlamento, nas residências dos ministros e na Suprema Corte.
“Eu estava lá para um protesto pacífico, mas o governo usou a força”, disse Iman Magar, de 20 anos, que foi atingido no braço direito. “Não foi uma bala de borracha, mas sim uma bala metálica, e ela arrancou parte da minha mão. O médico disse que preciso ser operado.”
Veículos de emergência levaram os feridos às pressas para hospitais em toda a cidade. “Nunca vi uma situação tão perturbadora no hospital”, disse Ranjana Nepal, assessora de imprensa do Hospital do Serviço Civil. “Gás lacrimogêneo também entrou na área do hospital, dificultando o trabalho dos médicos.”
Redes sociais: proibição gerou revolta da Gen Z

Um dos manifestantes da Gen Z com bandeira do Nepal (ANI)
A proibição das redes sociais pelo governo opressor gerou revolta generalizada, principalmente entre os nepaleses mais jovens da Gen Z que dependem dessas plataformas para comunicação. A Anistia Internacional relatou que as autoridades usaram munição real contra manifestantes, enquanto as Nações Unidas pediram uma investigação transparente.
Milhões de nepaleses usam redes sociais como o Instagram e Facebook para entretenimento, notícias e negócios. “Não se trata apenas de redes sociais – trata-se de confiança, corrupção e uma geração que se recusa a ficar em silêncio”, escreveu o jornal Kathmandu Post. “A Gen Z cresceu com smartphones, tendências globais e promessas de um Nepal federal e próspero. Para eles, liberdade digital é liberdade pessoal. Cortar o acesso é como silenciar uma geração inteira.”
O Nepal já havia restringido as redes sociais, bloqueando o Telegram em julho devido a preocupações com fraudes e implementando uma proibição de nove meses ao TikTok, que terminou em agosto passado, quando a empresa concordou em cumprir as regulamentações locais.
Suspensão da proibição das redes sociais

Ambulâncias socorrendo manifestantes feridos (ANI)
O Nepal suspendeu a proibição das redes sociais um dia após os protestos se tornarem fatais, com pelo menos 19 pessoas mortas pelas forças de segurança. Mas, os manifestantes continuaram os protestos, desta vez, contra a violência policial do dia anterior que matou os jovens.
Alguns ministros que tiveram suas residências invadidas tiveram que ser retirados às pressas por helicópteros militares.
Os manifestantes contra o comunismo corrupto fizeram um contra-ataque aos policiais usando pedras e atearam fogo em diversos pontos da capital.
Renúncias do presidente, primeiro-ministro e outros após as manifestações

Fogo no prédio do governo (X)
O Nepal mergulhou ainda mais na turbulência política na terça-feira, com a renúncia do primeiro-ministro KP Sharma Oli em meio a protestos massivos que abalaram a nação himalaia. A crise política levou o Exército nepalês a intervir para manter a ordem e proteger a nação.
O presidente Ramchandra Paudel; o primeiro-ministro KP Sharma Oli; ministro do Interior, Ramesh Lekhak; o ministro da Agricultura, Ramnath Adhikari, o ministro da Juventude e Esportes, Teju Lal Chaudhary; e o ministro da Água, Pradeep Yadav, estão entre os líderes que renunciaram até o momento.
As renúncias ocorreram em um momento em que manifestantes, em grande parte motivados pela indignação da Gen Z com a proibição das redes sociais, corrupção e nepotismo, continuam a desafiar os toques de recolher e a entrar em confronto com as forças de segurança. A agitação foi desencadeada pela controversa proibição de Oli às plataformas de redes sociais na semana passada, que foi revogada na madrugada de terça-feira, após os protestos se tornarem fatais.
Sem governo, exército do Nepal no comando
Enquanto isso, o Exército Nepalês, em um comunicado, indicou que está assumindo o controle da situação de segurança na ausência de liderança política.
O Nepal enfrenta instabilidade política desde que aboliu sua monarquia de 239 anos em 2008. Desde então, o país teve 14 governos diferentes, nenhum dos quais conseguiu cumprir um mandato completo de cinco anos. Oli, agora com 73 anos, assumiu o cargo pela quarta vez no ano passado.
Veja fotos e vídeos do Nepal.
Fontes: India Today, India TV, Al Jazeera e ANI







