
Tribunal Distrital de Busan absolve Choi Mal-ja, 78 anos, de acusação de lesão corporal grave em 1964 (ilustrativa/banco de imagens)
Após mais de seis décadas, a justiça foi restaurada para uma mulher sul-coreana acusada injustamente de um crime por lutar contra um agressor sexual.
Na quarta-feira (10), o Tribunal Distrital de Busan absolveu Choi Mal-ja, agora com 78 anos, revogando uma condenação de 1964 que a punia por morder parte da língua de seu agressor na tentativa de escapar de um estupro.
A decisão finaliza uma batalha legal de 61 anos, desafiando antigos conceitos de gênero e autodefesa. O Juiz Kim Hyun-soon declarou Choi inocente da acusação de causar lesão corporal grave, uma condenação que assombrou sua vida desde a adolescência.
Artigos relacionados
O caso teve início em maio de 1964, quando Choi resistiu a um homem de 21 anos que a derrubou ao chão e tentou beijá-la à força em frente a sua casa. Ao se defender, Choi mordeu a língua do agressor, cortando cerca de 1,5cm.
Em vez de ser reconhecido como autodefesa, Choi foi indiciada e sentenciada a 10 meses de prisão, com suspensão por dois anos. Seu agressor recebeu uma pena mais leve apenas por invasão e intimidação, sem acusação de tentativa de estupro.
Esse julgamento refletia não só a cegueira da justiça em relação à violência sexual naquele tempo, mas também uma cultura que tratava o corpo feminino como objeto de moralidade, não de autonomia.
“Mesmo sendo clara a autodefesa, Choi foi tratada como a culpada,” disse Choi Ran, vice-diretora do Centro de Alívio da Violência Sexual da Coreia. “Os investigadores chegaram ao absurdo de sugerir que ela se casasse com seu agressor, devido às restrições que ele poderia enfrentar em atividades sociais.”
A absolvição de Choi esta semana não corrige apenas um caso, mas forma um ajuste de contas com o passado onde a violência sexual foi normalizada e as vítimas eram punidas.
Fonte: Korean Herald







