
Usuário de rede social (PM)
A Meta, controladora do Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp, implementará a partir de 16 de dezembro uma mudança significativa em sua política de privacidade que está gerando grande debate e preocupação no Brasil e no mundo.
A companhia passará a usar dados públicos de seus usuários — como posts, fotos e legendas — além das interações diretas com seus chatbots de Inteligência Artificial (IA), para treinar e aprimorar seus modelos proprietários de IA, como o Meta AI.
Cenário global: Meta e as aplicações diferentes em mercados-chave
A Meta afirma que o uso de dados públicos para treinar sua IA é uma prática comum na indústria e que seu objetivo é global: fazer com que os modelos de IA compreendam melhor as diferentes culturas, idiomas e gírias locais.
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Nos EUA, Japão e em muitos outros países, a Meta tem implementado sua política de uso de dados com menos barreiras regulatórias (ou com regulamentações menos rigorosas do que na Europa ou no Brasil).
O risco da “perfilização” e a exploração comercial

Imagem ilustrativa de pessoas nas redes sociais (IA)
A nova política vai além do aprimoramento tecnológico. Ela prevê que o conteúdo das conversas diretas com a Meta AI será analisado para personalizar anúncios e sugestões de conteúdo, o que na prática significa que a sua interação com a IA será utilizada para direcionar e customizar a publicidade que você recebe.
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) classifica essa prática como “perfilização” e critica a exploração comercial aprofundada.
O órgão alerta que a coleta de dados de interesses culturais, sociais e econômicos pode auxiliar a Meta na compreensão de informações sensíveis, como posicionamentos políticos, trabalho e até mesmo o estado de saúde mental dos usuários.
Crítica dos especialistas
A pesquisadora Marina Fernandes, do Idec, acredita que a medida “aprofunda a exploração de consumidores brasileiros” e exige necessárias salvaguardas aos direitos previstos na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Resposta da Meta e a intervenção da ANPD
A Meta defende sua política alegando que as restrições ao uso de dados representam um “retrocesso para a inovação e a competitividade no desenvolvimento de IA” e que a interrupção no uso dos dados atrasa a chegada de benefícios tecnológicos para os usuários.
No entanto, a empresa tem encontrado resistência da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Em um precedente recente, a ANPD chegou a emitir uma medida preventiva que proibiu a Meta de utilizar dados de usuários brasileiros para treinar suas IAs generativas, exigindo maior transparência e adequação à LGPD.
Embora o uso de dados tenha sido liberado posteriormente sob compromissos de transparência, a atuação da ANPD reforça o poder fiscalizador dos órgãos brasileiros sobre as políticas das big techs.
Como impedir o uso dos seus dados: o prazo final
A Meta oferece o “direito de se opor”, um mecanismo que impede a companhia de usar seus dados públicos e interações com a IA para o desenvolvimento de seus modelos. O prazo final para manifestar essa objeção é 15 de dezembro.
É crucial notar que a oposição não é total. A Meta avisa que ainda poderá processar informações caso você apareça em uma foto ou seja mencionado em posts públicos de terceiros.
Para manifestar a oposição, é necessário preencher um formulário de objeção. Veja abaixo.
Passos no Instagram/Threads
- Acesse seu perfil e toque no menu (ícone de três linhas).
- Role até o final e toque em “Central de Privacidade”.
- Na seção “IA na Meta”, selecione “Informações que você compartilhou sobre Produtos da Meta”.
- Acesse a opção “Enviar uma solicitação de direito de se opor” e envie o formulário.
Passos no Facebook
- Acesse o menu (sua foto de perfil) e abra “Configurações e privacidade”.
- Toque em Central de Privacidade.
- Siga o mesmo caminho: “IA na Meta” > “Informações que você compartilhou sobre Produtos da Meta” > envie o formulário.
->> Dica: Se suas contas estiverem vinculadas na Central de Contas, basta fazer o processo uma única vez para que a objeção valha para todas as plataformas.

Passo a passo (reprodução)
Fontes: CNN e Tecnoblog







