Conhecida pelo santuário xintoísta Izumo Taisha e pela Murata Seisakusho, a cidade de Izumo (Shimane) tem uma população de 170 mil pessoas, sendo que 2 mil são brasileiros. Por conta dos residentes verde amarelos, o jornal Asahi desta quinta-feira (20) trouxe uma extensa matéria, dando destaque a ela.
Durante a visita no refeitório da indústria Murata, o jornalista se deparou com o uso do português e pratos voltados para brasileiros. A reportagem ilustra os 1.500 brasileiros empregados por 2 empreiteiras, as quais trabalham com o sistema de contrato de “ukeoi” ou seja, assumem as linhas de produção.
Uma das empreiteiras, a Avance Corporation, informou para o jornalista que 20 anos atrás se aproximou da Murata e passou a fornecer mão de obra brasileira para a indústria, com o mesmo salário dos japoneses.
“Os brasileiros são indispensáveis” na Murata
Segundo o jornal, um dos responsáveis pela gestão de pessoas da indústria disse “o número de pessoas que deixa de trabalhar é pequeno, o número de dias trabalhados é grande e com a falta de trabalhadores nos dias atuais, eles (os brasileiros) são indispensáveis”.
Emílio Masaharu Yamauchi, 58, é um deles, nissei, com pais oriundos de Kumamoto. Segundo a matéria, era agricultor no Brasil e há 8 anos veio com sua família, esposa e 2 filhos. “Meu corpo ainda aguenta. Pensando na educação dos filhos, acho que vamos continuar residindo em Izumo”, declarou.
Número 1 no mundo no que produz e aumento de brasileiros
Segundo a matéria, a Murata Seisakusho é a número 1 na produção de capacitores cerâmicos para smartphones. Portanto, são os trabalhadores brasileiros que contribuem fortemente para isso. De acordo com a reportagem, “responsável por esse volume de produção e com a demanda global, a Murata de Izumo aumentou uma unidade de produção desde o ano passado. Comprou um terreno e tem objetivo de ampliar ainda mais o quadro de trabalhadores brasileiros”.
O presidente da Avance Corporation, Takaharu Hayashi, 66, disse que sua empresa tem 20 responsáveis brasileiros capazes de serem intérpretes para exercerem diversas funções em Izumo. Acompanham os compatriotas no hospital, para ver imóveis, fazem transporte e até orientam na separação do lixo. Ainda assim, há reclamações por parte da vizinhança japonesa. “Estamos constantemente preocupados com a questão de evitar atrito com a comunidade local”, disse.
A comunidade brasileira no Japão é fortemente influenciada pela situação econômica, como por exemplo o estouro da bolha antes de entrar no ano 2.000 e o Lehman Shock em 2.008. De mais de 310 mil brasileiros em 2.007, atualmente a comunidade se reduziu a 180 mil, explica a matéria.
Desafios da cidade de Izumo
Um dos desafios da cidade de Izumo é em relação à educação das crianças estrangeiras. Em 2.013 havia 27 e esse número quadruplicou. Atualmente são 111 crianças que necessitam de orientação para o idioma japonês. Dessas, 78 são verde amarelas. O município aumentou o quadro de professores especializados, passando de 6 para 12 e ainda assim o quadro é insuficiente. Isso porque as crianças requerem orientação particular, principalmente no primário.
O município tem uma meta diferente de outros do país. Estabeleceu que deseja que 30% dos estrangeiros residam por longo tempo, ou seja, mais de 5 anos na cidade. Para isso, tem como um dos planos mediar moradias mais em conta, entre outros. Conta com a ajuda da NPO que acolhe as crianças depois do horário escolar para uma extensão de ensino.
Como um ponto de encontro, os brasileiros contam com o MK Bar, próximo a prefeitura, onde se serve comida brasileira.
Brasileiros yonsei têm chance de trabalhar no Japão?
Segundo a matéria, pela Avance Corporation já passaram 50 mil brasileiros, durante toda sua história.
O jornalista pergunta a respeito da discussão se amplia a vinda dos yonsei, para suprir a falta de mão de obra no país.
“Se houver uma ampliação para a concessão desse tipo de visto de permanência, penso que há muitos que desejam vir ao Japão. Por outro lado, se for só para suprir a falta de mão de obra, penso que poderá ocorrer problemas”, explica. O governo japonês não tem a intenção de adotar a política da imigração. O pensamento de que os estrangeiros venham para suprir a demanda e depois retornem aos seus países está enraizado.
“No entanto, o emprego dos nikkeis brasileiros já chega aos 30 anos. Muitos deles já possuem residência permanente. Meu pensamento sempre foi de que devemos interagir com eles não apenas como um ‘trabalhador’ mas como ‘uma pessoa’, assim poderíamos ter uma boa forma de convivência”, encerra Hayashi.
Para ler a matéria completa, em japonês, clique aqui.
Fonte e fotos: Asahi Shimbun