Aproximadamente 47 milhões de pessoas sofrem de demência ao redor do mundo. Estudos recentes preveem que esse número aumente para 131 milhões de pessoas até 2050. Contudo, um estudo recente publicado na revista “Lancet” sugere que um em cada três casos de demência pode ser evitado através de mudanças nos hábitos.
O estudo foi publicado na Conferência Internacional da Alzheimer’s Association, em Londres, e destaca os benefícios das mudanças do cotidiano, como interações sociais e atividades físicas, para o tratamento dos pacientes.
“Embora a demência seja diagnosticada tardiamente na vida, normalmente o cérebro apresenta mudanças muitos anos antes”, disse a autora principal e professora Gill Livingston, da University College London. “Se agirmos agora, a vida dos pacientes com demência e suas famílias irá melhorar amplamente, e o futuro da sociedade será transformado.”
A pesquisa, que reúne o trabalho de 24 especialistas internacionais, sugere que o estilo de vida cumpre o papel principal na prevenção da demência. A pesquisa examina os benefícios da construção de uma “reserva cognitiva”, que significa fortalecer as redes neurais para que suas funções continuem saudáveis até a velhice, mesmo com danos.
Segundo os especialistas, não terminar a educação secundária é um grande risco e, caso o indivíduo continue estudando até a fase adulta, a possibilidade de elevar a “reserva cognitiva” aumenta de forma significativa.
Além disso, caso a capacidade auditiva seja prejudicada na meia idade, o paciente fica impossibilitado de receber diversas informações ao redor e acaba se isolando socialmente, aumentando consideravelmente a possibilidade de desenvolvimento de depressão que, dentre outros, é um fator de risco potencialmente modificável.
Outra mensagem da pesquisa é que as coisas que fazem bem para o coração também fazem bem ao cérebro.
Mudanças positivas
Segundo a pesquisa, fazer atividades físicas, não fumar, manter um peso saudável, tratar de problemas de pressão alta e diabetes, todos podem reduzir o risco de demência, assim como doenças cardiovasculares e câncer.
Os pesquisadores disseram que não possuem dados suficientes para incluir fatores alimentares ou álcool em seus cálculos, mas acreditam que ambos podem ser fatores importantes.
O Dr. Doug Brown, diretor das pesquisas na Alzheimer’s Society, comentou: “Embora não seja inevitável, a demência pode se tornar o maior assassino do século 21. Todos nós precisamos estar atentos aos riscos e começar a fazer mudanças positivas no estilo de vida.”
E, segundo o Dr. David Reynolds, CSO (diretor científico) da Alzheimer’s Research UK, “junto com as pesquisas de prevenção, devemos continuar a investir em pesquisas para encontrar tratamentos capazes de mudar o estilo de vida das pessoas que sofrem desta condição devastadora.”
Nove fatores que contribuem para o risco de demência
- Perda da capacidade auditiva na meia-idade – responsável por 9% dos riscos
- Falha ao completar a educação secundária – 8%
- Fumo – 5%
- Depressão – 4%
- Falta de exercício físico – 3%
- Isolamento social – 2%
- Pressão alta – 2%
- Obesidade – 1%
- Diabetes Tipo 2 – 1%
Os fatores citados acima totalizam 35% do total. Os restantes 65% são riscos impossíveis de serem prevenidos com o esforço pessoal.
Fonte: BBC