Presidente do conselho da gigantesca Mitsui Bussan, a qual contribui com infraestrutura como essa da Cidade Olímpica no RJ (divulgação)
Masami Iijima, foi o 11o. presidente e é o atual presidente do conselho da gigantesca Mitsui Bussan, uma das maiores do Japão. Em entrevista publicada pelo jornal econômico Nihon Keizai, ele defende a aceitação dos nikkeis como mão de obra altamente qualificada.
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Na matéria publicada nesta quarta-feira (18), ele abre fazendo uma explicação. A América Latina é distante do Japão, mas as empresas japonesas de comércio exterior e investimentos, estão em posição de vantagem em comparação com as de outros países. Existem cerca de 2,1 milhões de descendentes de japoneses nessa área, dos quais 1,9 milhão vivem no Brasil.
“Como membro da reunião de especialistas do Ministério das Relações Exteriores, participei da elaboração de recomendações sobre a colaboração com a sociedade nikkei. Na minha visão, em algum momento, no lugar de apoiar os nikkeis, o Japão esteve numa posição ‘do lado de dar’. O apoio subsequente é certamente necessário, mas, a partir de agora, as empresas japonesas estarão cada vez mais dispostas a receber a colaboração dos nikkeis. Do ponto de vista da igualdade, é indispensável cooperar com a sociedade nikkei”, explicou.
“Quando o primeiro-ministro Shinzo Abe visitou o Brasil em 2014, falou com pessoas usando a palavra ‘juntos’ em português ou 共に (tomoni) em japonês. A colaboração com os nikkeis é essencial para que o Japão estabeleça relações estreitas com os países das Américas Central e do Sul. E é importante apontar para uma relação win-win”, relembrou.
Visto de permanência para o yonsei
O governo japonês analisa na direção do aumento da empregabilidade do nikkei de quarta geração ou yonsei. Apesar de ser um assunto positivo, há necessidade da aceitação dos nikkeis como recursos humanos altamente qualificados e não simplesmente para ‘preencher a falta de mão de obra’, analisa o empresário.
“Para potencializar essa força de trabalho, como organização empresarial, não pensar em aceitá-los somente como funcionários locais (no Brasil) e sim, pensar no caminho de contratação pela matriz japonesa. Se eles possuem raízes japonesas e com facilidade para criar afinidades com o Japão, não há porque não empregá-los. Deveríamos aumentar ativamente o recrutamento dos nikkeis”, pontuou.
Aumentar a contratação, convidar os nikkeis brasileiros a virem estudar e para programas de treinamento (Pixabay)
Valorização dos nikkeis
Iijima prossegue com sua explicação. “Quando se fala em nikkeis, hoje se vê aumento dos de quarta e quinta gerações (yonsei e gosei). Para essas pessoas, é importante introduzir atividades para a compreensão do que é o Japão. É preciso usar os recursos como bolsas de estudo e programas de treinamento para convidá-los a virem ao Japão. Para isso é necessário ter espírito de cooperação, como preparar materiais didáticos em português”, analisa.
Sob seu ponto de vista, “nos últimos anos, a economia brasileira entrou em queda devido ao enfraquecimento dos recursos e da turbulência política. Assim, os investimentos e comércio exterior do Japão caíram repentinamente. No entanto, o Brasil ainda é o maior país da América do Sul e há muitas áreas em que as empresas japonesas podem cooperar, nos setores como o da agricultura, recursos, infraestrutura e indústria.”
“Atualmente, o Keidanren procura expandir o intercâmbio econômico entre os dois países através do Comitê Econômico Brasileiro no Japão. Mas, paralelamente, o intercâmbio de recursos humanos também deve ser aumentado e, nesse sentido, acredito que os nikkeis possam cumprir um papel importante”, finalizou.
Reprodução: Nihon Keizai Shimbun
Fotos: Mitsui Bussan e Pixabay