Lindas e misteriosas, as gueixas em Quioto, Kanazawa ou Tóquio chamam à atenção quando passam pelas ruas. Envoltas em um clima tradicional e desconhecido, ainda há confusão sobre a diferença entre maiko e gueixa.
Muito diferente do que se pensa, as gueixas não são personagens que prestam serviços sexuais como a antiga oiran (花魁). Elas são artistas. A nomenclatura explica: gueixa é uma palavra composta de 2 ideogramas – 芸者. O primeiro significa arte e o segundo aquela que ou pessoa, portanto, é aquela que pratica a arte. Também pode ser chamada de geiko (芸妓) dependendo da região, incluindo Quioto. Em Tóquio, a grafia é a mesma mas a pronúncia é gueigui.
Andando pelas ruas de Quioto (província homônima), antiga capital japonesa, é possível ver as belas gueixas, embrulhadas em lindos e sofisticados quimonos. Elas atraem os olhares curiosos dos turistas, independente da nacionalidade.
Mas, há que saber distinguir uma maiko (舞妓) ou aprendiz, da gueixa. Em Tóquio e Quioto podem ser chamadas também de hangyoku (半玉) o que significa a joia que ainda não está pronta ou meia-joia, mas também de oshaku (雛妓) ou aquela que ajuda a servir saquê aos convidados.
Gueixas e maikos
Elas entram nesse mundo muito cedo. Antigamente começavam aos 3 aos 5 anos, mas atualmente, depois de formadas no ginásio. O treinamento até se tornar gueixa é rígido, paciencioso e exigente. Mesmo depois de se tornar gueixa, os treinos duram o resto da vida.
Ela começa a ser treinada em uma casa chamada okiya. Lá tem a mãe (okaasan) e as irmãs mais velhas chamadas de oneesan e convive com todas como se fosse família.
Durante o período de aprendizado e treinamento a iniciante de maiko recebe tudo o que precisa: quimonos completos, maquiagem, penteados e seus enfeites, bolsa, instrumentos musicais, etc. Também recebe uma pequena mesada de 10 a 20 mil ienes para seus gastos pessoais. Durante esse período de 5 a 6 anos ela recebe casa, comida, treinamento sem pagar nada, mas fica em dívida com a okaasan, dona da okiya. Em Quioto há somente 7 casas credenciadas, as quais ficam em Gyion, Miyagawa ou Ponto-cho.
Segredos, privações e arte
O período de aprendizado é árduo. Tem que aprender desde a etiqueta à arte, se estendendo ao vocabulário típico. É um mundo de segredos e de dedicação, sem tempo para namoros e diversões que toda jovem gostaria de ter. É um período de aprendizado e treinamento do supra sumo da hospitalidade tipicamente japonesa, com paciência e determinação.
Depois que se tornar maiko começa a reembolsar tudo o que foi investido nela. Só depois que pagar tudo, e sendo gueixa, pode se tornar independente. Tornar-se independente tem seu lado árduo. Passa a fazer tudo sozinha, desde a maquiagem, a arrumação do cabelo, a vestimenta e outros, sem a ajuda das demais colegas.
Longa carreira das gueixas
Além das tradicionais artes japonesas, é esperado que uma gueixa desenvolva outras habilidades como a cerimônia do chá, ikebana, cozinha japonesa, entre outras. Uma das habilidades requeridas é a discrição. O que se ouve não se comenta com ninguém.
Diferente da maiko, a gueixa adquire excelência na arte de dançar, tocar instrumentos como shamisen e cantar. Nos banquetes (ozashiki) exibem com arte e precisão a arte tradicional do palco, diferente da maiko, que pode ser graciosa e corteja os convidados.
A atividade profissional de uma gueixa depende da casa e de como ela se desenvolve na carreira. Se for bem sucedida e tornar-se famosa, é convidada para várias apresentações por dia e de noite, não tendo fins de semana nem feriados.
Ao contrário da tradicional Quioto, em Tóquio, uma gueixa pode trabalhar de arubaito. Para se formar, a casa ensina tudo.
O lado bom é que ela começa entre os 15 a 20 anos, mas pode trabalhar até os 80 anos se quiser. No entanto, a vida é corrida. De noite vai para vários ozashiki, de dia treina, no final do dia é preciso separar tempo para a maquiagem e a vestimenta.
Em Quioto estão registradas atualmente cerca de apenas 300 gueixas e maikos. Elas vivem dentro de um mundo próprio, de segredos, de arte, de encantamento e trabalho duro.
Este ano a cerimônia para o início dos trabalhos em 2018 foi realizada no domingo (7). Assista no vídeo.
Fontes: Jinjibu, Shokugyo e Career Garden Fotos: Jinjibu, Asasakakai, Kumanote e Wikimedia