Com lenço e com documento mas sem endereço. O resultado de uma pesquisa inédita foi publicado na página do Governo de Tóquio, no final de janeiro. Foi tão surpreendente que logo se espalhou pela internet, sobretudo nas redes sociais.
A pesquisa foi realizada entre novembro do ano passado a janeiro deste ano. Entrevistou mais de mil usuários de net cafés e um questionário foi enviado para 502 gerentes dessas casas.
Pelos resultados obtidos calcula-se que são cerca de 15,3 mil pessoas, usuárias desses estabelecimentos por noite, na capital.
Diferente das lan houses do Brasil, os net cafés no Japão funcionam 24 horas e alguns deles oferecem serviços extras como banho, refeições, máquinas de venda automática, balcão com água quente e forno micro-ondas, drink bar, biblioteca, etc.
Por mil ienes é possível passar a noite em um compartimento reservado com poltrona, mesa e computador.
4 mil pessoas sem endereço
Quase 26% dessas 15,3 mil pessoas não têm moradia fixa, totalizando 4 mil pessoas.
E mais um outro dado revelador é que 76% vivem de bicos ou trabalhos temporários – haken, haken shain, part timer, hiyatoi e arubaito.
Cerca de ⅕ ou 3 mil pessoas disseram que o trabalho é instável.
Levantou-se que 90% são do sexo masculino e faixa etária com maior incidência – 39% – é entre 30 a 39 anos.
Em seguida, com 29% vêm os na faixa dos 50 e 17% tem entre 40 a 49 anos.
Metade desse público – 51% – é formado no colegial e 20% não concluiu o ensino médio.
Por que não têm endereço
A pesquisa encontrou diferenças no tempo sem moradia fixa, desde as mais recentes até de 10 anos. O ponto em comum é que isto está relacionado ao trabalho.
Deixaram de ter um lugar para morar e dormir com o corpo esticado por terem perdido o emprego. Sem ter dinheiro para bancar o aluguel foram para o net café, responderam 33% dos entrevistados.
Outros 21% explicaram que com a perda do emprego tiveram que deixar a moradia funcional.
A NHK entrevistou um homem que durante 3 anos, até maio do ano passado, viveu nos net cafés da capital, gastando no máximo mil ienes por dia. Na ocasião era hiyatoi – contratado por um dia – e ganhava 8 mil ienes. Seu desejo era alugar um apartamento mas sem fiador e renda fixa não conseguia. “Não só corpo já estava cansado de dormir sentado, como também o psicológico. A partir de agora quero ter uma vida mais estável”, confessou.
Fontes: NHK, divulgação e Livedoor
Fotos: Flickr