A Agência Nacional de Polícia divulgou nesta quinta-feira (8) os dados da violência contra a criança e o menor (até 18 anos). Foram registrados 65.431 casos em 2017, com aumento por 13 anos consecutivos. As respectivas polícias de cada localidade informaram esses casos para o Jidosodansho – Centro de Proteção Infantil – órgão parecido com o Conselho Tutelar do Brasil.
“Com a crescente preocupação da sociedade, houve aumento do número de denúncias e comunicados até das cidades do interior”, apontou a agência.
O maior número percentual, cerca de 70%, é da violência psicológica, com 46.439 vítimas. Aqui entra a exposição da violência doméstica na frente das crianças, quando os adultos responsáveis por elas se agridem, afetando o emocional. Ou ameaças diretas às crianças e menores. Mais da metade da violência psicológica tem causa nas agressões dentro de casa.
Foram 6.398 casos de negligência, ou seja, quando os responsáveis se recusam a cuidar das crianças, abandona, se nega a dar alimentação e vestimenta ou simplesmente ignora a presença.
A violência sexual tem menor índice, mas existe. Foram registrados 251 casos em 2017.
Violência: lesões graves e morte
Segundo a agência, 80% dos casos de violência física foram de socos ou chutes no corpo das crianças. E, em 40% dos casos, o agressor foi o pai biológico.
Há muitos casos de violência física que terminam em morte das crianças, como tem ocorrido nos últimos dias, com vítimas de tenra idade.
Muitas vezes o Jidosodansho não consegue prevenir a violência, por recusa dos responsáveis pelas crianças. Ou, mesmo depois da advertência da polícia a agressão pode continuar. Por isso, a agência solicita que quem souber de algum caso, ligue para a polícia através do 110.
No mundo
“A cada 7 minutos uma criança ou um adolescente, entre 10 e 19 anos de idade, morre em algum lugar do mundo, vítima de homicídio ou de alguma forma de conflito armado ou violência coletiva”, descreve o relatório da UNICEF, publicado no final do ano passado. Os índices mais altos de homicídio infantil, não relacionados a conflitos armados, estão na América do Sul e Caribe. No Brasil o índice é de 59 para cada 100 mil adolescentes, considerado alto. A título de comparação, na Europa Ocidental tem 0,4 morte para cada 100 mil, o menor do mundo.
Segundo o relatório, todas as formas de violência vivenciadas por meninas e meninos, independentemente da natureza ou gravidade do ato, são prejudiciais. “Além da dor e do sofrimento que causa, a violência mina o senso de autoestima das crianças e dos adolescentes e impede seu desenvolvimento. A impunidade dos autores e a exposição prolongada à violência podem fazer com que as vítimas acreditem que a violência é normal. Dessa forma, a violência é velada, dificultando sua prevenção e sua superação”, explica.
Fontes: ANN, Jiji e UNICEF Foto ilustrativa: Pexels