A Rússia condenou os ataques realizados pelos EUA, Reino Unido e França contra alvos na Síria pelo alegado uso de armas químicas, enquanto os aliados no ocidente argumentam que eles foram essenciais para impedir o uso futuro de munições ilegais.
Os ataques atingiram três locais – um em Damasco e dois em Homs – os quais o presidente dos EUA Donald Trump disse estarem “associados às capacidades de armas químicas do ditador sírio Bashar Al-Assad”.
A ação seguiu uma semana de ameaças de retaliação por causa de uma alegado ataque com armas químicas a civis em Douma.
O presidente da Rússia Vladmir Putin chamou os ataques de mísseis de um “ato de agressão contra o Estado soberano” e disse que estavam contra o estatuto das Nações Unidas.
A Rússia – um aliado fundamental do governo Assad – está pedindo por uma reunião imediata do Conselho de Segurança das Nações Unidas para discutir as “ações agressivas” dos EUA e seus aliados, disse Putin.
O Ministério de Relações Exteriores da Síria pediu à comunidade internacional que “condenasse veementemente esta agressão”, alertando que ela representaria “uma ameaça à paz e segurança internacional como um todo”, em uma declaração publicada pela agência de notícias Árabe Síria.
O general Joseph Dundorf, chefe de Estado Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, disse aos repórteres em uma conferência no Pentágono que o primeiro ataque conjugado tinha como alvo um centro de pesquisa científica na grande Damasco envolvido no desenvolvimento e produção de armas químicas.
O segundo local alvo foi uma instalação de armazenamento de armas químicas no oeste de Homs, enquanto o terceiro era uma instalação de armazenamento de equipamento químico e importante posto de comando.
Os ataques – a ação conjunta mais articulada já realizada por forças ocidentais na Síria – foram lançados às 21h de sexta-feira (13), enquanto grande parte da Europa e do Oriente Médio estava envolta na escuridão.
As Forças Armadas sírias disseram em uma declaração que 110 mísseis foram lançados sobre alvos sírios e que os sistemas de defesa do país “interceptaram a maioria deles, mas alguns atingiram alvos incluindo o Centro de Pesquisa em Barzeh”.
Três civis ficaram feridos em Homs após “vários” mísseis terem sido interceptados por sistemas de defesa aérea da Síria, disse a rede de televisão estatal.
A agência de notícias estatal russa TASS divulgou que nenhum dos mísseis disparados pelas três nações ocidentais havia atingido áreas perto de suas bases naval e aérea na Síria. Essas bases estão sob proteção de unidades de defesa aérea russa.
Theresa May: “Não se trata de mudança de regime”
Em uma declaração transmitida na televisão no sábado, a primeira-ministra britânica Theresa May disse que as forças do Reino Unido haviam realizado um “ataque limitado e específico” e que “não havia alternativa viável ao uso da força para degradar e impedir o uso de armas químicas pelo regime sírio”.
Enquanto uma avaliação completa ainda não tenha sido concluída, “acreditamos que a ação teve êxito”, disse ela. “Não se trata de interferir em uma guerra civil. E isso não se tratou de mudança de regime”.
Resposta internacional
A Turquia, um importante interveniente no conflito sírio, disse que viu os ataques aéreos como “uma resposta apropriada” ao ataque à Douma.
O Ministério da Defesa da Austrália emitiu uma declaração em apoio aos ataques, chamando-os de “uma reposta calibrada, proporcional e específica”.
Um oficial israelense disse à CNN que os ataques forçaram a linha vermelha traçada pelo presidente Trump no ano passado. “A Síria continua a se engajar e fornecer base para ações bárbaras, incluindo aquelas do Irã, que coloca seu território, suas forças e sua liderança em risco”, disse o oficial.
No entanto, o Irã- outro aliado fundamental do governo Assad – condenou os ataques. “O ataque é a violação óbvia das leis internacionais, assim como ignorar a soberania e integridade territorial da Síria”, disse Bahram Qasemi, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores iraniano, de acordo com a mídia estatal do país.
Fonte e imagem: BBC