A primeira visita da humanidade a uma estrela começou no último final de semana. A sonda Parker da NASA vai explorar a atmosfera do Sol em uma missão lançada no início de domingo (12).
Essa é a primeira missão da agência ao Sol e sua atmosfera extrema, a coroa.
Após ser adiado no sábado (11), o lançamento da sonda foi realizado com êxito às 3h31 de domingo do Cabo Canaveral, na Flórida, em um Delta IV Heavy, um dos foguetes mais poderosos do mundo.
Embora a sonda seja do tamanho de um carro, um foguete poderoso é necessário para escapar da órbita da Terra, mudar de direção e alcançar o Sol.
A janela de lançamento (período de tempo em que todas as condições estão favoráveis para o lançamento de um foguete) foi escolhida porque a sonda dependerá de Vênus para ajudá-la a atingir uma órbita em torno do Sol.
Seis semanas após o lançamento, a Parker encontrará a gravidade de Vênus pela primeira vez. Ela será usada para ajudar a reduzir a velocidade da sonda, como se estivesse puxando o freio de mão, e orientá-la para que esteja no caminho para o Sol.
“A energia de lançamento para alcançar o Sol é 55 vezes aquela necessária para chegar a Marte, e duas vezes a necessária para chegar a Plutão”, disse em uma declaração Yanping Guo do Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins, que projetou a trajetória da missão. “Durante o verão, a Terra e outros planetas em nosso sistema solar estão no alinhamento mais favorável que nos permite chegar mais perto do Sol.
Preparando-se para uma jornada ao Sol
Não se trata de uma jornada que qualquer humano pode realizar, então a NASA está enviando uma sonda totalmente autônoma mais perto do Sol do que qualquer nave jamais chegou.
A sonda terá que suportar calor e radiação nunca vivenciadas anteriormente por qualquer nave, mas a missão também endereçará questões que não podiam ser respondidas antes. Compreender o Sol em detalhes maiores também pode ajudar a explicar a Terra e seu lugar no sistema solar, disseram pesquisadores.
Para alcançar a órbita em torno do Sol, a sonda Parker fará sete voos perto de Vênus que essencialmente oferecerão uma gravidade assistida, encolhendo sua órbita ao longo do curso de aproximadamente sete anos.
A sonda orbitará dentro de 6,2 milhões de quilômetros da superfície do Sol em 2024, mais perto da estrela do que Mercúrio.
Quando ficar mais perto do Sol, um escudo especial composto de carbono de 11,5cm de espessura terá que suportar temperaturas perto dos 1.300ºC. Contudo, o interior da sonda e seus instrumentos permanecerão a uma temperatura ambiente confortável.
A sonda atingirá uma velocidade de 690.000Km/h em torno do Sol, estabelecendo um recorde para o objeto mais rápido já feito pelo homem. Na Terra, essa velocidade permitiria uma pessoa sair da Filadélfia e chegar a Washington em um segundo, disse a agência.
Por que enviar uma sonda ao Sol?
As observações e dados poderiam fornecer uma visão sobre a física das estrelas, mudar o que sabemos sobre a misteriosa coroa, aumentar a compreensão sobre o vento solar e ajudar a melhorar a previsão de grandes eventos climáticos espaciais.
Esses eventos podem afetar satélites e astronautas, assim como a Terra – incluindo rede elétrica e exposição à radiação sobre voos de empresas aéreas- disse a NASA.
Em 2017, a sonda – incialmente chamada de Solar Probe Plus – foi renomeada como Parker Solar Probe em homenagem ao astrofísico Eugene Parker.
Parker publicou pesquisa em 1958 prevendo a existência de vento solar, quando ele era um jovem professor no Instituo Enrico Fermi da Universidade de Chicago. Na época, astrônomos acreditavam que o espaço entre os planetas era um vácuo. O primeiro documento de Parker foi rejeitado, mas foi arquivado por um de seus colegas, Subrahmanuan Chandrasekfar, um astrofísico que seria premiado em 1983 com o Prêmio Nobel da Paz para Física.
Menos de dois anos após o documento de Parker ser publicado, sua teoria de vento solar foi confirmada por observações de satélite. Seu trabalho revolucionou nossa compreensão do Sol e espaço interplanetário.
Parker é agora professor emérito da Universidade de Chicago.
Fonte e imagem: CNN