O São Paulo Shimbun encerrou uma história de 73 anos como ponto de referência vital e voz para a comunidade japonesa no Brasil (Asahi)
O jornal São Paulo Shimbun publicou sua edição final, encerrando uma história de 73 anos como ponto de referência vital e voz para a comunidade japonesa no Brasil – a maior no mundo fora do Japão.
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O jornal em língua japonesa, cuja edição final foi publicada em 1º de janeiro, foi vítima de queda nas vendas, envelhecimento do público leitor e a internet. A proprietária do jornal, Helena Mizumoto, disse que uma versão online poderá ser lançada no futuro.
O São Paulo Shimbun foi fundado em 1946, logo após o fim da 2ª Guerra Mundial. Mizumoto disse que antes da internet e da televisão a cabo, os imigrantes ligavam para o jornal a fim de saber onde eles poderiam encontrar estabelecimentos de propriedade japonesa.
“O Google da comunidade era aqui”, disse Mizumoto, frisando que o jornal foi fundamental em deixar os expatriados saberem que o Japão havia perdido a guerra.
Por décadas o São Paulo Shimbun, de seus escritórios no bairro da Liberdade, na cidade de São Paulo, serviu como referência principal para os japoneses que viviam no Brasil. As publicações eram feitas principalmente em japonês, mas haviam algumas páginas em português.
Os japoneses tinham grande parte das informações nacionais e internacionais através do São Paulo Shimbun até os anos 1990, mas isso “acabou com a entrada da internet e do canal de notícias da NHK”, disse Eduardo Nakashima, secretário-geral da Aliança Cultural Brasil-Japão.
Os primeiros imigrantes japoneses chegaram ao Brasil no porto de Santos a bordo do Kasato Maru em 18 de junho de 1908, estimulando uma onda de imigração que cresceu para dois milhões de pessoas. Os japoneses introduziram alimentos que mudaram a culinária brasileira e técnicas de cultivo que ajudaram transformar o maior país da América Latina em uma superpotência agrícola.
A chegada dos primeiros imigrantes foi resultado de negociações entre o Japão e o estado de São Paulo, onde a maioria dos japoneses ainda vivem. O Japão precisava de uma válvula de escape para os agricultores pobres, os quais deixaram a rápida modernização do país que teve início no fim dos anos 1800. Enquanto isso, os produtores de café do Brasil precisavam de mais trabalhadores para cuidar de suas plantações.
Como muitos grupos de imigrantes, os primeiros japoneses que chegaram ao Brasil planejavam retornar para casa em dois a cinco anos e começar novas vidas com seus ganhos.
Contudo, eles perceberam rapidamente que nunca conseguiriam economizar o suficiente para comprar uma passagem de volta. Eventualmente muitos migraram para centros urbanos ou outras áreas rurais.
Fonte: AP via Japan Today