Na tarde de quarta-feira (27) cinco birmanesas, todas estagiárias técnicas, realizaram uma coletiva de imprensa para relatar sobre as mais de 15 horas de trabalho diário. Começavam às 7h e não tinham horário para encerrar o expediente, conforme mostraram em vídeos.
Foram acolhidas pelo Sindicato dos Birmaneses Residentes no Japão e entraram com queixa na Delegacia da Inspeção das Normas Trabalhistas de Toyohashi (Aichi).
De 15 a 17 horas por dia
Elas vieram do Miyanmar ao Japão em 2017 e desde então trabalharam em uma empresa agrícola de produção de perila (shiso ou ooba, em japonês), de Toyohashi. O trabalho das 5 era separar, fazer maços de 10 e empacotar as folhas de perila.
A jornada era extensa. Começava às 7h e ia até as 15h30 com um intervalo para almoço. Depois retomavam às 17h e seguia até mais de meia-noite. Havia dias em que trabalhavam 17 horas.
Se conseguissem fazer 3 mil pacotes mensais o salário era de 96 mil ienes. Mas a empresa pedia que cada uma produzisse pelo menos 4 mil pacotes mensais.
O que elas conseguiam obter como salário era na faixa de 100 a 150 mil ienes. Enquanto o salário mínimo em Aichi é de 898 ienes, se fizer as contas as trabalhadoras ganhavam na faixa de 200 a 300 a hora. Muito inferior ao determinado pela lei.
“Vida mais humana”
Por outro lado a empresa empregadora nega dizendo que elas não trabalhavam à noite, mas elas apresentaram as anotações dos horários trabalhados.
“Nossa resistência física caiu pelo pouco tempo de sono. Queremos ter uma vida mais humana”, contestou uma delas.
“Vim ao Japão para desenvolver tecnologia agrícola, mas sofri uma ferida emocional que não consigo expressar em palavras”, lamentou outra vítima do Miyanmar.
O sindicato entrou com pedido de pagamento das diferenças salariais, o que varia de 1,5 a 3 milhões por pessoa.
Fontes: Tokai TV e Mainichi