Sucesso na travessia simulando o que foi feito há 30 mil anos. A equipe do Museu Nacional de Ciência do Japão chegou na praia de Yonaguni às 11h37 de terça-feira (9), depois de cerca de 45 horas sobre o mar, no percurso Taiwan a Okinawa.
O chefe do Centro de Pesquisa de História Humana do museu, Yosuke Aiba, 50, comemorou “perdemos a direção por um tempo, mas conseguimos chegar”. Os 5 integrantes estão cansados mas todos passam bem de saúde, disse.
Todos os 5 foram recebidos com salva de palmas na praia, veja o vídeo abaixo.
A embarcação batizada de Sugime, teve o nome a partir de sugi (cedro) e megami (deusa), foi uma inspiração para reproduzir como os antigos taiwaneses atravessaram o mar para desbravar o Japão. Com 5 pesquisadores de ambos os sexos a bordo, saíram de Taiwan no domingo (7), rumo a Yonaguni, a ilha do extremo do arquipélago japonês.
Sem smartphone, bússola, mapa ou GPS embarcaram como teriam feito os primeiros desbravadores há 30 mil anos, apenas com chapéu de palha e trajes simples.
Como não há registros materiais das embarcações usadas na época desses ancestrais a equipe quis reproduzir, na terceira tentativa. Na primeira vez a embarcação foi feita de palha. Na segunda, de bambu. O grande obstáculo foi a corrente marítima forte chamada de Kuroshio. Por isso, essa embarcação feita com uma única tora representava a esperança para a equipe.
Com o Sugime a equipe do Museu Nacional de Ciência do Japão conseguiu reproduzir a travessia, abrindo um novo capítulo na história e ciências humanas.
Levou 45 horas enfrentando o que dita a natureza, como nuvens cobrindo o céu noturno. Assim, não conseguiram se guiar pelas estrelas na primeira noite e se perderam em um trecho. O sol ardente também foi um entrave.
Apesar de ter serpenteado sobre as águas do Mar da China Meridional, que em linha reta daria 200Km, deve ter ultrapassado essa meta.
Ancestrais teriam visto a ilha de Yonaguni
Segundo os pesquisadores os ancestrais de Taiwan teriam avistado a ilha de Yonaguni do cume de um monte bem alto. E traçaram o objetivo da travessia mesmo sabendo da forte corrente marítima.
As pesquisas mostram centenas e milhares de simulações do comportamento da corrente Kuroshio. Indicam que esses ancestrais não chegaram por acaso em Okinawa. Teria sido tudo planejado.
Por isso, a equipe de pesquisadores decidiu enfrentar esse desafio e desvendar uma parte importante da história. As embarcações de palha e de bambu não conseguiram alcançar velocidade para superar essa forte corrente, em 2017 e 2018.
Pedra e madeira
Desta vez o empreendimento foi diferente. Uma pedra polida, como se fazia antigamente, presa a um pedaço de madeira, serviu de machado para cortar um cedro gigantesco. Foram 36 mil batidas para cortar o tronco da árvore.
Depois, com outro instrumento de pedra e madeira, o navio arredondado, esculpido de uma tora única, foi produzido para a pesquisa.
Os cinco empurraram a Sugime para o mar do leste de Taiwan e entraram na embarcação para tentar a travessia de forma mais próxima possível de 30 mil anos atrás.
Assista ao vídeo da ANN para ver como tudo foi feito.
https://youtu.be/Ss3SZC3elt4
Fontes: ANN, Ryukyu Simpo e Asahi