Voos regulares sem escalas entre a costa leste da Austrália e Londres (Inglaterra) ou Nova Iorque (EUA) poderiam se tornar realidade em breve – e em preparação, a companhia aérea australiana Qantas anunciou o primeiro de três voos de teste que deve decolar nesta sexta-feira (18).
A meta? Ver como o corpo humano lida com 19 a 20 sólidas horas de viagem aérea.
O voo de teste inaugural, operado por um Boeing 797-9 Dreamliner, parte de Nova Iorque nesta sexta-feira e deve aterrissar em Sydney na manhã de domingo (20), hora local.
A bordo estarão de 40 a 50 pessoas dentre passageiros, pilotos, tripulação, cientistas e especialistas médicos.
Grande parte das pessoas a bordo do voo de teste é formada por funcionários da Qantas, mas também haverá seis passageiros voluntários, que viajam com frequência pela companhia aérea.
Anteriormente a Qantas anunciou sua meta de operar voos diretos entre Londres, Nova Iorque e três cidades australianas – Sydney, Brisbane e Melbourne – até 2023.
Razões pelas quais os viajantes acharão os voos ultralongos atraentes
Bjorn Fehrm, analista aeronáutico e de economia na Leeham News, disse ao CNN Travel que há várias razões pelas quais os viajantes acharão os voos ultralongos atraentes, ao contrário de uma jornada mais típica de duas partes com paradas em Dubai ou Singapura.
Não há escalas, jornadas extras pela alfândega e estresse de conexão, disse ele.
Se o voo de 19 horas se tornar realidade, ele provavelmente vai custar um pouco mais caro aos viajantes.
“É mais barato para a companhia aérea fazer dois voos separados”, disse Fehrm. “Mas algumas pessoas estão preparadas para pagar um preço extra dessa passagem”.
Mais voos de teste
O próximo voo de teste ocorrerá em novembro, de Londres a Sydney, e haverá um outro voo de Nova Iorque a Londres acontecendo antes do fim deste ano.
Após os voos de teste, as novas aeronaves entrarão em operação comercial.
Análise do impacto do voo ultralongo sobre os passageiros
Pesquisadores do Centro Charles Perkins da Universidade de Sydney, da Universidade de Monash e do Centro de Pesquisa de Produtividade Cooperativa e Atenção de Segurança – um programa científico apoiado pelo governo australiano – examinarão o impacto do voo longo sobre aqueles a bordo.
Os passageiros na cabine principal vão usar dispositivos de monitoramento e especialistas do Centro Charles Perkins estudarão como a “saúde, estado de alerta e relógio biológico” deles são impactados por um conjunto de variáveis que incluem, luz, alimentação, bebidas, movimento, padrões de sono e entretenimento inflight.
Pilotos e tripulação de cabine também serão monitorados e manterão diários de sono. Câmeras foram instaladas nos cockpits para registrar o estado de alerta dos pilotos.
Cientistas da Universidade de Monash focarão na tripulação de cabine, registrando seus níveis de melatonina antes, durante e depois dos voos, assim como estudarão dados de ondas cerebrais de dispositivos de eletroencefalograma usados pelos pilotos.
Essa informação será usada e então compartilhada com a Autoridade de Segurança de Aviação Civil “a fim de ajudar a informar exigências regulatórias associadas a voos ultralongos”, disse a Qantas em um comunicado de imprensa.
“Voos ultralongos apresentam muitas questões de senso comum sobre o conforto e bem-estar dos passageiros e tripulação”, disse Alan Joyce, CEO do Grupo Qantas, no comunicado.
“Esses voos vão fornecer dados inestimáveis para ajudar a respondê-las”.
“Para os clientes, a chave será minimizar o jet lag e a criação de um ambiente onde eles buscam um voo tranquilo e agradável. Para a tripulação, é sobre usar pesquisa científica para determinar as melhores oportunidades a fim de promover a saúde quando estão em serviço e maximizar o descanso durante seus intervalos nesses voos”.
Voo de 17 horas entre Singapura e Nova Iorque da Singaporean Airlines
Para alguns, a perspectiva de um voo de 19 horas sem paradas pode parecer insuportável.
“Era muito mais duvidoso nas gerações anteriores de aeronaves que isso era algo que você gostaria de fazer que poderia ser economicamente benéfico para as companhias aéreas também”, disse Fehrm ao CNN.
Se o voo vier é improvável que ele mude de forma significativa a indústria da aviação, disse Fehrm, apontando os existentes voos de 17 horas sem escalas entre Singapura e Nova Iorque operados pela Singapore Ailrlines.
“No mundo temos 20.000 aeronaves voando todos os dias, e há nove delas fazendo esse tipo de voo”, explica ele.
“É uma estatística para um grupo muito seleto de pessoas – um projeto de prestígio”, disse ele. “Mas isso definitivamente faz sentido em certas circunstâncias, e então valeria o custo”.
Fonte: CNN Travel