Autoridades chinesas estão intensificando esforços para conter o surto de um novo vírus antes do feriado de Ano Novo chinês em meio a temores de disseminação para outros países.
Dezessete novos casos do coronavírus similar ao Sars (síndrome respiratória aguda grave) foram confirmados no domingo (19) pelas autoridades da saúde em Wuhan, cidade onde o surto se originou, incluindo três pacientes que estão em condição grave.
A nova estirpe causa alarme em razão de sua conexão à Sars, a qual matou mais de 750 pessoas globalmente em 2002 e 2003.
Somando às preocupações está a iminente movimentação de centenas de milhões de chineses que viajarão para visitar familiares durante o feriado que tem início na próxima semana, aumentando o potencial para o vírus se espalhar para mais longe.
“Nossa comissão aumentará nossa guarda durante o festival de primavera, prestará atenção ao desenvolvimento e mudança da epidemia, e direcionará a implementação de prevenção e medida de controle”, disse a comissão nacional de saúde da China no domingo a qual também disse acreditar que o surto pode ser controlado.
Dos 17 novos casos confirmados em Wuhan, três foram descritos como graves e a saúde de dois pacientes estava tão crítica que tiveram que ser transferidos, disseram autoridades.
Duas pessoas morreram em decorrência do vírus em Wuhan, a maior cidade na central da China. Três casos foram confirmados no exterior – dois na Tailândia e um no Japão, envolvendo pessoas tanto de Wuhan ou que visitaram recentemente a cidade.
O vírus infectou 62 pessoas em Wuhan, com oito em condição grave, 19 se curaram e tiveram alta do hospital, e o restante continua em isolamento onde estão recebendo tratamento. A faixa etária dos infectados é de 30 a 79 anos.
A Organização Mundial da Saúde – OMS disse no domingo que alguns dos novos casos não pareceram estar ligados ao mercado de frutos do mar de Huanan, a fonte suspeita do surto.
“O fato de que três casos foram exportados para a Tailândia e Japão sem conexão com o mercado de Huanan sugere que o vírus se espalhou além de Huanan para a comunidade”, disse à agência Reuters David Hui, professor de medicina respiratória na Universidade China de Hong Kong.
O vice-prefeito de Wuhan, Chen Yanxin, disse que a fiscalização seria intensificada em grandes eventos e o número de concentrações públicas seria reduzido, divulgou a mídia estatal. Desde 14 de janeiro, oficiais da cidade estão usando termômetros infravermelhos em aeroportos, ferrovias e outras rotas que levam à cidade para examinar passageiros, mas a tarefa está sendo dificultada por ser o pico da temporada de influenza.
Chen disse que passageiros com febre estão sendo registrados, recebendo máscaras e levados a instituições médicas, com cerca de 300 mil medições de temperatura corporal aferidas, de acordo com a CCTV.
Cientistas no Centro MRC para Análise de Doenças Infecciosas Globais no Imperial College de Londres disseram em um jornal publicado na sexta-feira (17) que o número de casos na cidade provavelmente estaria perto dos 1.700 – bem mais alto do que o oficialmente identificado.
Nenhuma transmissão humano para humano foi confirmada até agora, mas a comissão de saúde Wuhan havia dito anteriormente que a possibilidade “não pode ser excluída”.
Autoridades em Hong Kong intensificaram as medidas de detecção, incluindo medições de temperatura rigorosas em pontos de verificação para viajantes que vêm da ilha principal da China.
Os EUA disseram que a partir de sexta-feira começariam a examinar voos diretos que chegam de Wuhan no aeroporto de São Francisco e no JFK de Nova Iorque, assim como no de Los Angeles, onde muitos voos fazem conexão.
A Tailândia disse que já estava verificando passageiros chegando a Bangkok, Chiang Mai e Phuket e que em breve introduziria controles similares em Krabi.
No Aeroporto de Narita, os controles de quarentena foram reforçados após o primeiro caso do novo coronavírus ligado ao surto de pneumonia na China ter sido detectado em um residente do Japão.
Fonte: The Guardian