O número de infecções pelo novo coronavírus, o Covid-19, dentro da China – a fonte do surto – foi pela primeira vez ultrapassado por casos novos em outros lugares na quarta-feira (26), com a Itália e Irã emergindo como epicentros da doença que se propaga rapidamente.
A Ásia reportou centenas de novos casos, o Brasil confirmou a primeira infecção na América Latina e a nova doença também foi detectada pela primeira vez no Paquistão, Suécia, Noruega, Grécia, Romênia e Algéria.
Autoridades da saúde dos EUA, administrando 59 casos até agora – a maioria americanos repatriados do navio de cruzeiro Diamond Princess atracado no Japão – disseram que uma pandemia global é provável.
Mercados de ações em todo o mundo perderam US$3,3 trilhões de valor em 4 dias de negociações, como medido pelo índex de todos os países MSCI.
Acredita-se que o vírus que causa pneumonia tenha se originado em um mercado que vende animais selvagens na cidade central chinesa de Wuhan no fim do ano passado. Cerca de 80 mil pessoas foram infectadas e mais de 2,7 mil morreram, em sua grande maioria na China.
Enquanto medidas radicais tenham ajudado a reduzir a taxa de transmissão na China, ela está acelerando em outros lugares.
A Alemanha, que tem cerca de 20 casos, disse que já é impossível rastrear todas as redes de infecção, e o ministro da saúde Jens Spahn pediu às autoridades regionais, hospitais e empregadores que revisem seus planos relacionados a uma pandemia.
A Organização Mundial da Saúde – OMS disse que a China havia reportado 412 novos casos na terça-feira (25) enquanto houve 459 em 37 outros países.
Entretanto, o chefe da OMS Tedros Adhanom Ghebreyesus alertou diplomatas em Genebra na quarta-feira contra falar de uma pandemia – que a OMS define como a propagação mundial de uma nova doença.
“Usar a palavra pandemia sem cuidado não tem benefício tangível, mas tem sim risco significante em termos de amplificar temor e estigma desnecessário e injustificado, e paralisar sistemas”, disse ele. “Isso também pode sinalizar que não podemos mais conter o vírus, o que não é verdade”.
Com o aumento do pânico, autoridades mexicanas barraram um cruzeiro de atracar em um de seus portos, pelo que a companhia do navio disse ter sido um único caso de influenza comum.
A OMS diz que o surto na China atingiu o pico em 2 de fevereiro, após medidas que incluíram o isolamento da província de Hubei, o epicentro do coronavírus. A organização diz que somente 10 novos casos foram reportados na China na terça-feira fora de Hubei.
Não há vacina conhecida para o vírus. A empresa farmacêutica dos EUA Gilead Sciences disse na quarta-feira (26) que começou estudos de dois estágios para testar seu medicamento antiviral remdesivir em humanos.
Enquanto os casos crescem em outros países, os efeitos em grandes aglomerações aumentaram.
No Japão, o primeiro-ministro Shinzo Abe pediu que eventos esportivos e culturais fossem cancelados ou reduzidos por duas semanas enquanto preocupações crescem para as Olimpíadas de Tóquio.
O primeiro caso de coronavírus na América Latina foi confirmado em um homem de 61 anos de São Paulo, no Brasil, que havia visitado recentemente a Itália, uma nova linha de frente no surto global.
Além do Brasil, italianos ou pessoas que visitaram recentemente a Itália testaram positivo na Algéria, Áustria, Croácia, Grécia, Romênia, Espanha, Suécia e Suíça. A Itália em si reportou mais de 400 casos, centrados nas regiões de Lombardia e Vêneto.
Um hotel em Tenerife, nas Ilhas Canárias da Espanha, foi isolado por casos ligados à Itália.
Na França uma segunda pessoa morreu – um professor que não visitou qualquer país com surto conhecido.
Houve cerca de 50 mortes fora da China, incluindo 12 na Itália e 19 no Irã, de acordo com uma pesquisa da Reuters.
Enquanto o Irã tenha reportado somente 139 casos, epidemiologistas dizem que a taxa de morte de cerca de 2% vista em outros lugares sugere que o verdadeiro número de casos deve ser muitas vezes maior.
Casos ligados ao Irã foram reportados em todo o Oriente Médio. O Iraque impôs proibições de viagens a países afetados e proibiu aglomerações públicas.
Fonte: Asia Nikkei