Autoridades italianas anunciaram fechamentos abrangentes no norte do país enquanto tentam conter o maior surto do novo coronavírus, o Covid-19, na Europa.
Os casos confirmados da Itália aumentaram de 3 na manhã de sexta-feira (21) para mais de 130 até domingo (23).
A maioria dos casos de infecções por coronavírus está concentrada na China continental (com mais de 78.800), seguida pelo Japão (738) e a Coreia do Sul (602). O aumento dos casos na Itália marca o maior surto fora da Ásia.
Três pessoas morreram e pelo menos outras 152 foram infectadas com o vírus na Itália, disse Angelo Borelli, chefe da agência de Proteção Civil do país, em uma coletiva de imprensa no domingo.
Há 110 casos na região de Lombardia, no norte da Itália, disse Borelli, cuja capital é a cidade de Milão.
Ele disse em uma coletiva de imprensa anterior que 26 pacientes estavam em cuidado intensivo e um paciente havia se recuperado.
Oficiais ainda precisam localizar o primeiro portador do vírus no país. “Ainda não podemos identificar o paciente zero, então é difícil prever novos casos possíveis”, disse Borelli.
Medidas de emergência rigorosas foram colocadas em curso no fim de semana, incluindo uma proibição de realização de eventos públicos em 10 municípios, após um aumento em casos confirmados nas regiões de Lombardia e Vêneto no norte do país.
O Ministro da Saúde Roberto Speranza anunciou restrições severas nas regiões afetadas, as quais incluíram o fechamento de prédios públicos, transporte limitado, e vigilância e quarentena de indivíduos que podem ter sido expostos ao vírus.
“Estamos pedindo basicamente a todos que vêm dessas áreas afetadas pela epidemia que continuem sob uma estada compulsória em casa”, disse Speranza em uma coletiva de imprensa no sábado (22).
Esportes e moda afetados
A principal liga de futebol da Itália, a Serie A, cancelou pelo menos três jogos agendados nas regiões de Lombardia e Vêneto.
A capital a moda do país, Milão, anunciou que fecharia suas escolas com início nesta segunda-feira (24) por 1 semana. Viagens escolares dentro e fora da Itália também foram canceladas a partir de domingo (23), de acordo com uma declaração do Ministério da Educação.
O aumento de casos também afetou o fim da Milan Fashion Week.
O Carnaval de Veneza também estava sendo suspenso face ao surto, anunciou no domingo Luca Zaia, governador da região de Vêneto.
Dois dos 25 casos na região ocorreram em Veneza, o popular destino turístico cujo carnaval atrai visitantes de todo o mundo.
Zaia também anunciou uma proibição de encontros públicos e privados e fechamentos de escolas, universidades e museus na região.
“Pedimos a colaboração de todos os cidadãos. Não é um momento fácil, mas com os dados que temos hoje, ainda podemos limitar o contágio”, disse Zaia.
Enquanto as preocupações crescem no norte da Itália, autoridades no sul do país colocaram um navio de resgate de migrantes em quarentena na Sicília, disse o Ministério dos Interiores no domingo.
O Ocean Viking, com 274 migrantes a bordo que foram resgatados no mar, está sob quarentena em Pozzalo, junto com a tripulação do navio.
“A janela de oportunidade está se estreitando”
A situação fez crescer os temores sobre o aumento de casos fora da China continental dentre pessoas sem conexão com a China ou a cidade de Wuhan – o marco zero para o surto.
O diretor da Organização Mundial da Saúde – OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, reiterou no sábado que ainda havia uma chance de conter o vírus além da China, “mas a janela de oportunidade estava ficando mais estreita”.
“Embora o número total de casos fora da China continue relativamente baixo, estamos preocupados com o número de casos sem ligação epidemiológica clara, como histórico de viagem à China ou contato com um caso confirmado”, disse ele.
O aumento dos casos no Irã, Coreia do Sul e Itália “também é uma questão de preocupação e como o vírus está se espalhando agora para outras partes do mundo”, acrescentou Tedros.
Fonte: CNN