O chefe da Associação Médica de Tóquio – JMA acrescentou sua voz à especulação de que as Olimpíadas de Tóquio, agora programadas para serem realizadas no próximo verão, poderiam ser novamente adiadas pela pandemia de coronavírus.
“A menos que uma vacina eficaz seja desenvolvida, acredito que será difícil realizar as Olimpíadas no ano que vem”, disse o presidente da JMA Yoshitake Yokokura aos repórteres em Tóquio nesta terça-feira (28).
“Não estou dizendo nesse ponto que elas não deveriam ser realizadas. O surto não está confinado apenas ao Japão. É uma questão mundial”.
Vários especialistas na área da saúde levantaram dúvidas sobre planos para realizar os Jogos em julho e agosto de 2021. Na semana passada, Kentaro Iwata, especialista em doenças infecciosas, disse acreditar que é “improvável” que os Jogos sejam realizados daqui a somente 1 ano a partir de agora”.
“Para ser honesto com vocês, não acho que as Olimpíadas sejam realizadas no próximo ano”, disse Iwata, professor na Universidade de Kobe. “A realização das Olimpíadas precisa de duas condições: controlar a Covid-19 no Japão e controlá-la em outros lugares”.
“Estou pessimista sobre a realização dos Jogos Olímpicos no próximo verão a menos que eles sejam realizados em uma estrutura totalmente diferente, como sem público, ou com uma participação muito limitada”.
Organizadores do Japão e o Comitê Olímpico Internacional – COI concordaram em março em adiar os Jogos em 1 ano, visto que a epidemia de coronavírus se espalha pelo globo.
Desde então, eles disseram que não há “plano B” além de trabalhar para que as Olimpíadas sejam abertas em 23 de julho de 2021.
Contudo, o membro John Coates do COI, que está supervisionando as preparações para as Olimpíadas de Tóquio, disse neste mês que ainda era “muito cedo para dizer” se o surto poderia causar mais impacto nos Jogos. Coates disse que o COI acredita que se deu “o maior tempo possível”, mas reconheceu que a situação continua imprevisível.
O Japão até agora evitou uma catástrofe nos casos de coronavírus como vista nos EUA e em alguns países europeus, com cerca de 13,6 mil infecções e quase 400 mortes, de acordo com o Ministério da Saúde.
Esses números não incluem infecções e mortes ligadas ao navio de cruzeiro Diamond Princess, que ficou sob quarentena em Yokohama (Kanagawa) em fevereiro.
O primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe declarou estado de emergência em Tóquio e outras 6 províncias no início de abril e desde então ampliou a cobertura para todo o país.
Governadores locais podem pedir às pessoas que fiquem em casa e que negócios não essenciais fechem, mas não há multas ou outras penalidades por não cumprimento.
Fonte: The Guardian