O número de viagens internacionais poderia cair entre 60 a 80 por cento em 2020 devido ao coronavírus, disse a Organização Mundial de Turismo- OMT na quinta-feira (7), revisando de forma claramente inferior sua previsão anterior.
Restrições de viagens disseminadas e fechamento de aeroportos e fronteiras nacionais para reduzir a propagação do vírus haviam mergulhado o turismo internacional em sua pior crise desde 1950, quando os registros começaram a ser mantidos, disse em uma declaração o órgão das Nações Unidas.
Viagens internacionais caíram em 22% nos primeiros 3 meses deste ano, e 57% só em março, com a Ásia e Europa sofrendo os maiores declínios, de acordo com a organização sediada em Madri, na Espanha.
“O mundo está enfrentando uma crise de saúde e econômica sem precedentes. O turismo foi duramente afetado, com milhões de empregos sob risco em um dos setores mais intensivos de trabalho da economia”, disse o secretário-geral do órgão, Zurab Pololikashvili.
Companhias aéreas foram as que sofreram mais desde o início do surto com a maioria de suas aeronaves no chão, mas grupos hoteleiros, operadores de cruzeiro e de turismo também estão passando por dificuldades.
Os cenários de melhor caso
O órgão das Nações Unidas disse que a extensão completa da queda no turismo internacional dependeria de quão rápido as fronteiras internacionais fossem reabertas.
Sob um cenário de melhor caso, com restrições de viagens começando a ser flexibilizadas no início de julho, viagens internacionais poderiam cair em somente 58%.
Se restrições de fronteiras de viagens só forem retiradas no início de dezembro a queda seria bem mais na ordem de 78%.
Se as restrições forem retiradas no início de setembro, o órgão das Nações Unidas prevê uma queda de 70%.
Sob esses cenários, a queda em viagem internacional poderia levar a um prejuízo de $910 bilhões a $1,2 trilhão em receitas de exportação do turismo, e de 100 a 120 milhões de empregos diretamente relacionados ao turismo.
Coronavírus é sem precedentes em sua disseminação geográfica
Enquanto o turismo internacional tenha tomado um golpe de um outro surto de doença no passado, o novo coronavírus é sem precedentes em sua disseminação geográfica.
Em comparação, viagens internacionais caíram apenas 0,4% em 2003 após o surto de SARS (síndrome respiratória aguda grave) que matou 774 pessoas no mundo.
O que dizem os especialistas sobre a recuperação do turismo
O órgão das Nações Unidas disse que a maioria dos especialistas acredita que haverá sinais de recuperação até o trimestre final de 2020, com a demanda doméstica devendo se recuperar mais rápido do que a internacional. Ásia e o Pacífico devem se recuperar primeiro, acrescentou.
“Com base em crises anteriores, a viagem de lazer deve se recuperar mais rápido, particularmente aquelas para visitar amigos e parentes, do que a negócios”, acrescentou.
O órgão havia previsto no início do ano que o turismo internacional cresceria em 3 a 4 por cento neste ano, mas então revisou sua previsão no fim de março, prevendo um declínio de 20 a 30 por cento.
Chegadas internacionais aumentaram 4% em 2019 para 1,5 bilhão, com a França, a nação mais visitada do mundo, seguida pela Espanha e Estados Unidos.
A última vez que o turismo internacional registrou um declínio anual foi em 2009 quando a crise econômica global afetou duramente o setor de viagens.
A indústria turística conta por cerca de 10% do produto interno bruto – PIB do mundo e empregos.
Fonte: Japan Times