Kim Yo-jong, aparentemente, parece estar dando seu primeiro passo por conta própria – sem seu irmão mais velho, o líder norte-coreano Kim Jong-un ao seu lado – o que analistas dizem ser indicação de que ela pode estar avançando para um papel maior dentro da estrutura de liderança do país.
Na semana passada, Pyongyang lançou ameaças e diretivas somente sob o nome da irmã de Kim – um desenvolvimento o qual analistas dizem ser notável.
“Estamos vendo grandes declarações vindas de Kim Yo-jong”, disse John Park, diretor do Projeto Coreia na Escola Kennedy de Harvard. Isso indica que seu papel não é somente cerimonial e que ela vem sendo “cronicamente subestimada”, acrescentou ele.
“Ao deixar sua irmã mais nova liderar acusações altamente visíveis contra o Sul, Kim Jong-un provavelmente está pavimentando o caminho para a elevação dela a uma posição mais superior dentro do regime”, disse Miha Hribernik, chefe da Asia Risk Insight na Verisk Maplecroft, antes da Coreia do Norte destruir um escritório de contato conjunto o Sul.
Há precedente para isso desde 2010, quando Kim Jong-un notavelmente liderou o bombardeamento da Ilha de Yeonpyeong da Coreia do Sul a fim de intensificar sua posição junto às forças militares antes de assumir como líder supremo em 2011, citou Hribernik.
Pouco se sabe sobre Kim Yo-jong, mas é bem documentado que ela passou certo tempo na Suíça com seu irmão Kim Jong-un. Ambos nasceram da mesma mãe, cônjuge do falecido líder norte-coreano Kim Jong-il.
Analistas dizem que os irmãos vivendo juntos por vários anos no mesmo lugar fora de seu país de origem cultivou laços estreitos entre os dois e que agora está manifestando na elevação da irmã mais nova em um nível político.
“Acredito que o que estamos vendo agora é essencialmente um reflexo de uma parceria que ela tem com seu irmão”, disse Park.
A primeira vez que ela chamou atenção
A Kim mais nova foi o centro das atenções pela primeira vez quando ela participou da cerimônia de abertura das Olimpíadas de Inverno de Pyeongchang em 2018. Isso a fez a primeira da família Kim a colocar os pés na Coreia do Sul.
Posteriormente, a jovem Kim acompanhou seu irmão quando ele participou de cúpulas com os presidentes Moon Jae-in da Coreia do Sul, Donald Trump dos EUA e Xi Jinping da China.
Embora Kim Yo-jong seja um fator conhecido e vem sendo de fato a número dois na Coreia do Norte por anos, ela só começou a se fazer valer em março passado, disse Lee Sung Yoon, professor de Estudos Coreanos da Fundação Kim Koo na Escola Fletcher na Univesidade de Tufts.
Naquele mês, ela emitiu uma carta em seu próprio nome ridicularizando o escritório presidencial sul-coreano e uma outra agradecendo a carta de Donald Trump a seu irmão, sinalizando “ao mundo que ela é responsável pela política estrangeira”, disse Lee.
E com a destruição do escritório de contato dias depois de Kim Yo-jong ter alertado sobre isso, “ela está mostrando que está no comando e que é uma dura líder norte-coreana”, disse Lee.
Enquanto seja interessante que a irmã mais jovem de Kim tenha “recebido o megafone” para emitir a ameaça dessa vez, isso também pode significar que as tensões podem crescer na Península Coreana, disse Jung Park, presidente da SK-Korea Foundation em Estudos Coreanos no Centro para Estudos Políticos do Leste Asiático da Instituição Brookings.
“Se isso tem a intenção de dar à ela credenciais militares, o que era uma grande brecha em seu currículo, então poderemos ver mais ações provocativas e crise fabricada que acabam em um conflito militar”, disse Park à CNBC.
Fonte: CNBC