Comunidades pobres na África podem ter desenvolvido maior imunidade aos coronavírus, sugeriram cientistas.
As taxas de morte reportadas no continente são uma fração daquelas vistas na Europa.
A África viu mais de 1,2 milhão de casos desde o início da pandemia, e cerca de 30 mil mortes, de acordo com os dados mais recentes do Centro da África para Prevenção e Controle de Doenças.
Até agora, cientistas sugeriram que essa disparidade seja provavelmente resultado de países africanos terem populações mais jovens do que nações europeias.
A cepa de coronavírus Covid-19 provou ser mais mortal em pessoas idosas, com as mais jovens tendo maior probabilidade de serem assintomáticas, ou vivenciarem sintomas leves.
A África do Sul foi particularmente atingida pela primeira onda da pandemia global de Covid-19.
O país registrou mais da metade das infecções por Covid-19 na África com mais de 600 mil casos confirmados. Houve cerca de 11,5 mil mortes reportadas.
Em comparação, o Reino Unido registrou 339 mil casos confirmados, bem menos do que a África do Sul, mas viu mais de mil mortes por dia durante duas semanas em abril, com 41.514 no total desde o início da pandemia.
Apesar de preocupações sobre potencial número de mortes não declarado, a taxa está significantemente abaixo daquela vista em países europeus com altos números de casos confirmados.
Agora, especialistas na África do Sul sugeriram que pode haver uma outra razão para a alta taxa de sobrevivência.
Muitos dos cidadãos do país vivem na pobreza em condições aglomeradas em que distanciamento social é impossível.
O professor Salim Abdool Karim, chefe da equipe de aconselhamento ministerial da África do Sul sobre Covid-19, disse ao BBC que a idade pode não ser um fator crucial.
Ele disse que há uma nova hipótese, a qual ele afirma que é apoiada por cientistas dos EUA, de que as pessoas vivendo em condições, em que elas estão expostas a uma ampla variedade de vírus incluindo coronavírus, desenvolveram “certo nível de imunidade de proteção cruzada pré-existente”.
“A proteção pode ser bem mais intensa em áreas altamente povoadas, em configurações africanas. Isso pode explicar por que a maioria (no continente) tem infecções assintomáticas ou leves”.
Ele acrescentou: “Não posso pensar em outra coisa que explicaria os números de pessoas completamente assintomáticas que estamos vendo. Os números são completamente inacreditáveis”.
Uma equipe na unidade de Análises de Doenças e Doenças Infecciosas no hospital Baragwanath em Soweto planeja testar amostras de células sanguíneas para analisar a teoria, divulgou o BBC.
Fonte: Standard UK