A NPO Santana ou Colégio Santana, em Aisho-cho (Shiga), foi tema de um especial da Asahi Broadcasting, exibido em 22 deste mês.
Fundada em 1998 e transformada em NPO em agosto de 2017, a escola abriga alunos brasileiros de ampla faixa etária. Com a crise desencadeada pelo novo coronavírus, muitos dos pais dos alunos perderam seus empregos. Ainda assim a fundadora e diretora da escola – brasileira Kenko Nakata, 63 anos – faz todos os esforços para manter os alunos estudando.
Seu dia começa cedo, às 4h30, com o preparo da refeição para os alunos. Às 5h30, depois de terminar o curry, vai para o carro a fim de ajudar a buscar os cerca de 80 alunos em casa. São 6 professores que se dividem para passar nas casas de 7 cidades para o sogei – transporte escolar.
As crianças, desde a tenra idade tomam café na escola, antes do início das aulas. A faixa etária varia de 0 a 18 anos, todos filhos de trabalhadores nas indústrias da região.
Alguns alunos relataram que encontraram dificuldades do aprendizado do kanji na escola japonesa e outros sofreram com o bullying. No Colégio Santana parecem se sentir em casa.
Não consigo dizer ‘se não pagar não pode estudar’
Não são poucos os pais que perderam seus empregos por causa da queda de produção desencadeada pelo novo coronavírus. A mensalidade varia de 30 a 50 mil ienes, o que acaba pesando quando não se tem renda.
A diretora continua acolhendo os novos alunos, independente de ter pagamento ou não das mensalidades. “Não consigo dizer ‘se não pagar não pode estudar’”, conta, mesmo com os prejuízos por ser uma escola particular.
Lucas, 32, pai de um menino de 6 anos, conta que todos da fábrica de pneus onde trabalhavam foram dispensados, em maio deste ano. Através de um amigo conseguiu um outro local, com bastante horas extras, mas com salário baixo.
O que ele e a esposa discutem é se o filho irá ou não para a escola japonesa, para redução do custo com a educação.
A mãe de 45 anos, com filha de 6, separada, foi demitida em abril da fábrica de concreto. Sem carro, depende de sogei e não tem encontrado vaga. Sem rendimento, a poupança acabou. Disse que só tem palavras de gratidão à escola que educa a filha, além de cuidar do aspecto emocional, por ter ficado abalada com a separação.
Luz na obtenção da autorização do governo
“Se a escola conseguir se classificar como kakushuu gakko (各種学校) acabaria com o problema financeiro”, disse a diretora.
Kakushuu gakko significa variedade de escolas, segundo o MEXT. No caso dessa instituição escolar deixaria de ser uma escola particular para crianças estrangeiras, podendo passar a receber subsídio do governo para bancar boa parte das despesas.
A liberação dessa autorização é feita pelo governo da província. Para as providências contratou uma assistente japonesa. Afinal, escrever e ler kanji é difícil para Kenko.
Ela enfrenta o rigor da avaliação. Em meio à incerteza e, por outro lado, a expectativa, soube que o governador de Shiga visitaria a escola em 24 de setembro.
Mesmo nervosa com a visita da autoridade máxima da província – Taizo Mikazuki – o recepcionou da melhor forma. Foi uma grande oportunidade para mostrar a sua instituição e esperar que seja aprovada para receber o apoio.
“Os alunos adoram vir para a escola. Mesmo que eu me vá, quero que eles continuem vindo. Este é meu sonho”, disse Kenko, com 22 anos de dedicação.
Tudo começou quando ela viu as crianças brasileiras precisando de um local de aprendizado e que possam se sentir em casa, enquanto seus pais trabalham.
Este foi um resumo do especial de 15 minutos. Caso compreenda japonês assista ao vídeo completo clicando aqui.
Fonte: ABC TV, MEXT e HP