Filas se espalharam ao longo da fronteira da Rússia quando homens tentavam sair do país a fim de evitar uma convocação militar para a guerra na Ucrânia.
O presidente Vladimir Putin anunciou uma mobilização militar parcial na quarta-feira (21), a qual poderia ver 300 mil pessoas convocadas para servir na guerra.
O Kremlin diz que reportagens sobre homens em idade de combate fugindo são exageradas.
Mas na fronteira com a Georgia, filas de quilômetros de veículos se formaram, incluindo homens tentando fugir para escapar da guerra.
Um deles, que não quis ser identificado, disse ao site BBC que pegou o passaporte e seguiu para a fronteira, sem levar mais nada, imediatamente após o anúncio de Putin, porque ele se encaixava no grupo que poderia potencialmente ser enviado para a guerra.
“Vou quebrar meu braço, minha perna, qualquer coisa para evitar a ordem”.
A Georgia é um dos poucos países vizinhos que os russos podem entrar sem precisar de visto. A Finlândia, que compartilha uma fronteira de 1,3 mil quilômetros com a Rússia, não exige visto para viagem, e também relatou um aumento no tráfego durante a madrugada, mas disse que estava a um nível gerenciável.
Os preços de passagens aéreas para outros destinos alcançáveis via ar, como Istambul (Turquia), Belgrado (Sérvia) ou Dubai (Emirados Árabes Unidos) dispararam imediatamente após o anúncio da convocação militar, com alguns destinos se esgotando completamente.
O ministro de Assuntos Internos da Alemanha sinalizou na quinta-feira (22) que russos fugindo da ordem seriam bem-vindos ao país.
Nancy Faeser disse que desertores ameaçados por “repressão severa” receberiam proteção caso a caso, após verificações de segurança. Lituânia, Letônia, Estônia e República Tcheca surpreenderam com um tom diferente, dizendo que não ofereceriam refúgio aos russos.
A convocação espalhou protestos em grandes cidades russas, incluindo Moscou e São Petersburgo, na terça-feira (20) resultando em 1,3 mil prisões reportadas.
Também houve relatos da Rússia de que alguns desses detidos por protestar receberam documentos com ordens enquanto sob custódia em delegacias. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, quando questionado sobre os relatos, disse que fazer isso não era contra a lei.
O presidente ucraniano Volodymr Zelensky pediu aos russos para resistir à mobilização durante seu discurso noturno na quinta-feira (22).
Referindo-se às mortes de russos na guerra, ele disse: Querem mais? Não? Então protestem. Lutem de volta. Fujam. Ou rendam-se para o cativeiro ucraniano”.
Autoridades russa insistem que a convocação será limitada àqueles que haviam completado o serviço militar.
Mas dentro da Rússia, há também especulação de que a mobilização militar poderia ser maior do que o formalmente anunciado.
O jornal independente Novaya Gazeta, que transferiu suas operações para a Europa em meio a uma repressão pós-guerra sobre a mídia, reportou que o decreto de Vladimir Putin contém um parágrafo adicional que foi classificado e mantido em segredo.
O Novaya Gazeta alega que o parágrafo secreto permite convocação de até 1 milhão de pessoas, ao invés das 300 mil reportadas, citando uma fonte não identificada do governo.
Fonte: BBC