Foto meramente ilustrativa de dinheiro (Flickr)
O Tokyo Shimbun entrevistou uma estrangeira, na faixa dos 60 anos, beneficiária do programa de assistência social chamado seikatsu hogo em japonês, que teve os recebimentos parcelados e não integrais, por parte da Prefeitura da Cidade de Kiryu (Gunma), desde setembro deste ano.
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Ela disse que não se sente confortável em falar sobre o assunto já que está em uma posição de necessidade de receber ajuda. “Não pude reclamar porque estava na condição de ser ajudada, mas gostaria que eles tivessem sido mais atenciosos”, desabafou. Por outro lado, uma pessoa da prefeitura admitiu que poderiam ter sido mais atenciosos em relação a ela.
Segundo a beneficiária, após o falecimento do marido por doença, em janeiro do ano passado, foi alvo de violência doméstica por parte dos familiares dele que moravam com ela. Eles instalaram portas com tranca impedindo-a de usar as áreas comuns como cozinha, toilet e banheiro.
“Meu filho mais velho, que tem deficiência intelectual, tornou-se mentalmente instável”, disse a mulher estrangeira.
Conta que em maio deste ano, levando apenas o mínimo de pertences, fugiu para um apartamento na cidade de Kiryu. Lutando para sobreviver, apenas com a pouca aposentadoria e a pensão por invalidez do filho mais velho, ela foi à prefeitura no início de agosto para se inscrever no seikatsu hogo. Nessa ocasião, o que ouviu do funcionário foi: “Não podemos implementar o seikatsu hogo até que todos os pertences tenham sido transferidos da casa onde morava”.
“Em geral, as pessoas que fogem da violência doméstica saem de casa com o mínimo necessário. O problema é que o funcionário disse não poder inscrevê-la como se ela tivesse duas residências”, aponta o advogado da mulher.
Pagamentos parcelados
O advogado dela fez os trâmites e ela foi inscrita no programa em 26 de setembro, com resposta positiva em 25 de outubro. Mas, o benefício referente ao mês de setembro só foi pago em 17 de novembro, 23 dias depois, o que representa um atraso significativo. Os dos meses de outubro e novembro foram pagos em 27 de novembro.
“Não houve confirmação do valor da pensão (aposentadoria), por isso, sem elucidação da renda, ficou difícil determinar o valor do benefício. Se fosse pago a mais, ela teria que devolver a diferença”, explicou a prefeitura.
Porém, o advogado contestou: “Do ponto de vista da mulher, ficou em uma situação de vulnerabilidade por muito tempo, sem saber quando receberia o benefício”. Ela tem uma doença crônica que dificulta trabalhar e depende dessa assistência social. “Sinto que fizeram isso comigo por ser estrangeira”, disse ela com um suspiro.
Há pouco tempo, um japonês na faixa dos 50 anos, beneficiário do seikatsu hogo de Kiryu recebia mil ienes diariamente, condicionado a buscar emprego diariamente no Hello Work, o que causou polêmica no país.
Fonte: Tokyo Shimbun